Foi a Força Aérea que alertou GNR e ANPC para desaparecimento de helicóptero

Controladores de tráfego aéreo avisaram Força Aérea para o desaparecimento do helicóptero do INEM do radar. Militares do Centro de Busca e Salvamento não conseguiram contactar posto da GNR de Massarelos e acabaram por falar com popular que deu alerta para "estrondo"
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O Centro de Buscas e Salvamento de Lisboa, da Força Aérea (RCC), foi informado às 21.33 das últimas coordenadas SIRESP do telemóvel do piloto comandante do helicóptero do INEM que caiu na serra de Santa Justa, mas as equipas de resgate só chegaram ao local pela 01.29 deste domingo - quatro horas depois.

Esta informação foi divulgada pela Força Aérea num comunicado divulgado ao início da noite deste domingo onde refere ter sido avisada pela NAV - Navegação Aérea de Portugal, responsável pelo controlo do tráfego aéreo, do desaparecimento da aeronave do INEM às 19.40 de sábado, que contactou a Autoridade Nacional de Proteção Civil ( ANPC) e a GNR de Baltar e que nenhuma destas entidades tinha conhecimento do acidente.

No documento, é ainda explicado que o Centro de Buscas e Salvamento ainda tentou contactar a GNR de Massarelos, mas "o telefone estava indisponível".

O comunicado da Força Aérea Portuguesa explica em 15 pontos os passos dados a partir do momento em que o RCC de Lisboa foi alertado para o desaparecimento dos radares do helicóptero do INEM que tinha transportado para o Hospital de Santo António (Porto) uma doente grave, uma idosa de 76 anos com uma doença cardíaca, e que regressava à base em Macedo de Cavaleiros.

Na cronologia agora divulgada a FA explica que depois de avisada pela NAV - que terá perdido o contacto com a aeronave pelas 18.55 -, questionou a GNR e a ANPC e que ambas garantiram não ter registo de ocorrências naquela zona. Só mais tarde, na sequência de um telefonema para o Comando Territorial da GNR do Porto é que o RCC Lisboa "é informado que não haveria conhecimento de qualquer ocorrência, no entanto estes informam que um popular, através de um telefonema, tinha relatado 'ter ouvido um barulho estranho'".

De acordo com a informação avançada perante este cenário a Força Aérea altera - às 20.14 - "o estado de prontidão do EH-101 de alerta na Base Aérea N.º6 - Montijo de 45 minutos para 15 minutos em preparação para ativação". Doze minutos depois a ANPC "informou a Força Aérea que um popular reportou um estrondo entre a Serra de Pias e a Serra de Santa Justa".

Os elementos do Centro de Buscas e Salvamento terão contactado esse popular que disse ter visto "passar o helicóptero e que de seguida ouviu um estrondo". Depois deste telefonema é ativada a aeronave da FA que avisa a ANPC de que iria enviar o seu helicóptero para a zona. A Força Aérea frisa que às 20.59 questionou a ANACOM sobre a existência de algum sinal de emergência e que a resposta foi negativa.

Trinta minutos depois, pelas 21.33, o Centro de Busca de Salvamento foi informado das últimas coordenadas SIRESP do telemóvel do piloto e cinco minutos depois o EH-101 Merlin saiu da base do Montijo para a zona. Tripulação que às 23.05 reportou "condições meteorológicas muito adversas" e que não estavam reunidas condições mínimas de segurança. Por isso foi para o Aeroporto Francisco Sá Carneiro onde ficou à espera da melhoria das condições meteorológicas.

Duas horas e 40 minutos depois a ANPC "informou a Força Aérea [às 01.44 de 16 de dezembro] que foram encontradados às 01.29, os destroços da aeronave do INEM", cuja localização era conhecida desde as 21.33.

O comunicado acrescenta que o helicóptero que estava no Porto regressou ao Montijo às 03-12, tendo chegado à base às 04.43.

Faltam respostas

Por enquanto continua por responder a questão: porque demorou quase duas horas (20.15) para a ANmC desencadear a operação de socorro?

Todos os passos que devem ser dados quando há suspeita de acidente com uma aeronave estão definidos na Diretiva Operacional nº 4 - Dispositivo Integrado de Resposta a Acidentes com Aeronaves. A primeira entidade que deve ser alertada e atuar é a Força Aérea, através do Rescue Coordinator Center (RCC Lisboa) e que agora divulgou os procedimentos que cumpriu nesta operação e as entidades com que contactou.

Ou seja, quando o 112 recebeu a chamada, perto das 18:40 h de um morador a dar conta de possíveis problemas deveria de imediato ter reencaminhado a chamada para o Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) da Proteção Civil e esta entidade para o RCC.

Não está ainda disponível a fita de tempo oficial, mas o comandante do CDOS daquela área, Carlos Alves, garantiu que a informação só chegou à Proteção Civil perto das 20.15. De acordo com o que está publicado em alguns órgãos de comunicação social, o operador do 112 apenas terá comunicado à GNR local que, tendo deslocado uma patrulha ao terreno, nada encontrou que pudesse confirmar o acidente.

O DN questionou a PSP, que coordena do 112 sobre os procedimentos do operador que recebeu a primeira chamada, e está a aguardar resposta.

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