Que Estranho Chamar-se Federico
RUI PEDRO TENDINHA (Classificação 3/5)
O nosso Fellini. O Fellini de Scola...
Um filme de amigos. De Ettore Scola para Federico Fellini. Uma carta de amizade sob o formato de um filme que é simultaneamente um ensaio-instalação e poema documental. Com um narrador que não paga a conta no bar, o filme desdobra-se perante excertos de filmes, colagem de fotografias, reportagens e todo um espírito que é sempre na primeira pessoa: Scola e Fellini conheceram-se como ilustradores num jornal.
Que esteja cheio de piadas pessoais que muitos de nós nem descortinamos, não vem mal ao mundo. Che Strano Chiamarse Federico consegue transpor-nos para uma ilusão muito bonita: a vertigem do mundo felliniano. Este Federico gostava de guiar à noite pelas ruas, falar com as prostitutas, desenhar, dar boleia a pintores de rua e, enfim, estar em permanente estado de fuga. Um Fellini que fintava a mentira.
JOÃO LOPES (Classificação 2/5)
Ettore Scola evoca o amigo Fellini
Nascido em 1931, Ettore Scola faz parte da geração de cineastas italianos que reconheceram em Federico Fellini (1920-1993), não apenas uma incontornável referência histórica, mas também um modelo ético e uma inspiração estética. Além do mais, Scola e Fellini foram amigos íntimos, partilhando muitas atribulações da evolução do cinema italiano. Não admira que este Que Estranho Chamar-se Federico (título que evoca um célebre verso de Federico Garcia Lorca) seja um objecto atravessado por uma ternura tocante, recordando Fellini através de muitas emoções partilhadas. Infelizmente, ao "reconstituir" a juventude de Fellini através de cenas encenadas a preto e branco, Scola cria uma dicotomia algo simplista e redutora. Dito de outro modo: as imagens de arquivo, nomeadamente com Fellini em rodagem, são sempre mais genuínas e, de alguma maneira, mais intensas.
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Ficha de Filme
Título original: Che Strano Chiamarsi Federico
Realizador: Ettore Scola
Com: Sergio Rubini, Sergio Pierattini, Antonella Attili
Ano: 2013