Segundo o relatório 'EU Kids Online Portugal' de 2018, que analisa os "usos, competências, riscos e mediações da Internet reportados por crianças e jovens" entre os nove e os 17 anos, "um terço concorda com a afirmação de que pode confiar na maioria das notícias que 'escolhe' ler ou ver -- quase sem variação de idade e género, valor que desce para um quarto no que se refere à confiança nas notícias em geral". .O resultado mais expressivo aponta a não tomada de posição -- cerca de 40% assinalaram a opção 'não concordo nem discordo', refere o relatório ressalvando o módulo do relatório dedicado à Cidadania Digital, respondido apenas por metade das crianças e jovens entre os 11 e 17 anos, às quais foram "colocadas questões sobre confiança nas notícias e sobre a distinção entre realidade e ficção". .De uma forma genérica os inquiridos afirmam maioritariamente (52%) que consideram ser "fácil verificar se a informação que encontram na Internet é verdadeira", ainda que existam variações significativas entre rapazes e raparigas na confiança nessa capacidade de destrinça (as raparigas sentem menos segurança do que os rapazes). .As percentagens baixam significativamente se a pergunta se centrar nos meios de comunicação: menos de um terço afirma que pode confiar nas notícias que escolhe ler ou ver, e o total baixa para um quarto se a pergunta for sobre a confiança na generalidade das notícias..Pouco mais de metade (53%) considera bons os meios noticiosos tradicionais, como a televisão, a rádio e os jornais, por ajudarem a distinguir a realidade da ficção. .Já a confiança no papel das redes sociais para essa mesma tarefa é bastante mais baixa, com apenas 28% a afirmarem concordância com a premissa de que Facebook, Twitter ou Instagram, por exemplo, podem ajudar a uma clarificação entre realidade e ficção..Os autores do relatório português notam ainda a ambiguidade com que é usado e entendido o termo notícias pelos jovens, que o associam a comunicação interpessoal, ou seja, informação de cariz pessoal veiculada no seu círculo de relações.."A consideração positiva relativamente aos meios noticiosos no que se refere ao registo da factualidade aumenta com a idade e é um pouco mais expressa por raparigas do que por rapazes. Estes resultados apontam a necessidade de trabalhar a literacia mediática e jornalística, bem como o sentido crítico na procura e validação de informação disponível, online e offline", indicam os autores do relatório português", lê-se no relatório..A rede europeia EU Kids Online, que abrange 33 países e se dedica a estudar a segurança na Internet para crianças e jovens, é a responsável pelo estudo aplicado em vários países europeus, incluindo Portugal, onde a pesquisa foi coordenada pela professora e investigadora da Universidade Nova de Lisboa, Cristina Ponte, que contou com o apoio logístico da Direção-Geral de Educação.."Aplicado em escolas públicas e privadas, foi respondido por uma amostra nacional (incluindo Madeira e Açores) composta por 1.974 rapazes e raparigas entre os nove e os 17 anos, em regime de auto-preenchimento em salas equipadas com meios digitais (preenchimento assistido por computador, CAPI)", explica a nota metodológica, que acrescenta ainda que as questões obrigatórias que compunham o inquérito foram aplicadas a toda a amostra, mas as que constituíam os dois módulos opcionais inquiridos em Portugal -- Cidadania Digital e Internet das Coisas -- apenas foram respondidas pelos maiores de 11 anos. ."As 1.974 crianças e jovens (9-17 anos) que responderam a este questionário distribuem-se igualmente por género e o grupo etário dos 13-17 anos constitui 62% da amostra", acrescenta ainda o relatório sobre o inquérito aplicado no primeiro semestre de 2018 nas escolas..De acordo com o documento os resultados do inquérito de 2018 são comparáveis e confrontados com os resultados dos antecessores, em 2010 e 2014.."Um intervalo de quatro anos entre cada questionário permite captar mudanças e continuidades no uso da internet entre crianças e jovens portugueses (9-17 anos) numa perspetiva longitudinal", refere-se no documento.