Daqui a uma semana tem início a I Liga e à terceira jornada está agendado um Benfica-FC Porto. Também neste mês, o FC Porto joga o seu futuro na Liga dos Campeões. Até maio de 2020 vão ser muito poucas as paragens.AGOSTO é mês de férias para a maioria das pessoas, mas no futebol é provavelmente o mês de maior azáfama. Não só pelo início das competições mas também porque é o período em que o mercado de transferências está ao rubro, em que são feitos a maioria dos negócios, em que se registam mais entradas e saídas nas equipas. Para muitos treinadores, agosto é o mês das maiores de cabeça. Na maioria dos campeonatos europeus (Inglaterra é exceção e fecha no dia 8), o mercado fecha dia 31 (neste ano, em Portugal, extraordinariamente à meia-noite do dia 3 de setembro porque 31 é domingo). Até lá, treinadores, diretores desportivos e presidentes vão estar numa constante roda-viva. E na história não faltam exemplos de transferências concluídas a poucos minutos do fecho das inscrições. Tudo isto tem de ser gerido em simultâneo com uma planificação desportiva para evitar arranques em falso."É um dos meses de maior azáfama, como julho e também janeiro, porque são meses de acertos nos plantéis. Mas no verão o período é mais longo, há uma maior indefinição, é preciso conciliar os interesses de clubes e jogadores, depois há os problemas dos treinadores e aquilo que são as expectativas dos agentes. Há que conciliar tudo com o facto de as equipas já estarem em competição. É um período de maior turbulência porque há uma maior concentração de trabalho", diz ao DN Carlos Freitas, antigo diretor de desportivo de Sporting, Sporting de Braga, Panathinaikos, Fiorentina, entre outros, e que atualmente desempenha estas funções no V. Guimarães. Freitas fala de um mês em que por via de todo este planeamento "há mais reuniões e conversas entre toda a estrutura de um clube de futebol". "Um período de muitas decisões em que a vida pessoal é muitas vezes deixada para quinto plano", atira. Como diretor desportivo, Carlos Freitas viveu verões de grande stress. Mas há um que ainda hoje recorda e que envolveu Mário Jardel, nos tempos em que Freitas era diretor desportivo do Sporting.. "Para o Jardel voltar para Portugal e assinar pelo Sporting era preciso convencer três jogadores a deixarem o país e, por assim dizer, servirem de moeda de troca com o Galatasaray. O Spehar foi pacífico, mas o Horvath não tinha muita vontade de ir para a Turquia, e pior ainda foi o caso do Mbo Mpenza, porque a mulher adorava Portugal e o jogador estava perdido de amores por Lisboa. Por outro lado, tinha tido um bom desempenho no Sporting e uma grande aceitação dos adeptos. Não foi nada fácil fazer esta operação, mas conseguiu-se em menos de uma semana, apesar do pouco tempo que havia para conciliar interesses de quatro jogadores e de vários agentes", recorda. E assim foi. No dia 29 de agosto de 2001, Mário Jardel foi oficialmente apresentado como reforço do Sporting, a poucos dias do encerramento do mercado..A incógnita Bruno Fernandes. Estas indefinições relativas ao mercado de transferências sucedem-se época após época durante o mês de AGOSTO . E neste ano não é exceção. Neste momento, por exemplo, Marcel Keizer, treinador do Sporting, não sabe se vai poder contar com Bruno Fernandes, capitão e grande figura da equipa na época passada (até ao fecho desta edição ainda era jogador do Sporting). "Bruno Fernandes? Por mim fechava-se já o mercado, era suficientemente bom para mim. Um jogador da qualidade dele não se pode substituir", desabafou o treinador holandês há poucos dias. Se Bruno sair, por um valor sempre acima dos 50/60 milhões de euros, o Sporting vai ao mercado. Neste caso, porém, há uma particularidade que beneficia a SAD leonina, pois o destino do capitão parece ser a Premier League e o mercado em Inglaterra fecha no dia 8 de agosto. Ou seja, até ao fecho do mercado em Portugal o clube ainda tem tempo para reestruturar o plantel. O FC Porto, que tem um mês de agosto bastante agitado em termos de competição, andou numa roda-viva para colmatar saídas de jogadores importantes, casos de Herrera, Brahimi, Felipe, Militão e Casillas. Mas chega a agosto com o plantel mais ou menos composto, agora que a questão do guarda-redes está resolvida com a contratação do argentino Marchesín. No Benfica, a questão das contratações não é tão urgente, mas o clube da Luz ainda está no mercado à procura de um guarda-redes e de um avançado. Ou seja, agosto não será apenas um mês de futebol jogado. Há muito trabalho de retaguarda devido à construção das equipas."Os jogadores hoje são geralmente pessoas mais bem estruturadas do que há uma décadas. É verdade que existem futebolistas que lidam mal com esta indefinição, se ficam, se saem. Ainda recentemente um jogador do Rayo Vallecano sofreu uma depressão e não conseguia treinar. Mas são casos isolados. A maioria continua a jogar regularmente mesmo perante a incerteza sobre o futuro", aponta Carlos Freitas. O FC Porto não vai discutir o primeiro troféu da temporada, mas começa a jogar já no dia 7 uma cartada importante em termos desportivos. E sobretudo financeiros. Os dragões são obrigados a disputar uma pré-eliminatória da Liga dos Campeões - o adversário é o Krasnodar (a segunda mão é dia 13). Se ultrapassarem os russos, ainda terão de disputar um playoff para saberem se entram na fase de grupos da prova milionária, encaixe de mais de 50 milhões de euros. E é assim, nesta roda-viva, que o futebol vai arrancar em agosto. Até ao fecho do mercado, há muitas novelas para acompanhar, com destaque para os desfechos do futuro de Neymar, Gareth Bale, Pogba, entre outros. Mais um AGOSTO que promete...