Nada de novo no capítulo dos dramalhões sobre a toxicodependência. Depois de em 2018 termos vislumbrado alguma frescura no tema com Beautiful Boy, de Felix Van Groeningem, agora surge esta história de mãe e filha a tentar afastar o fantasma da dependência da heroína. História estafada e sem brio baseada num artigo de jornal sobre um caso verdadeiro. Enfim, todos os ingredientes de um telefilme com tema sério e pedagógico. Rodrigo Garcia, que em Albert Nobbs tinha mostrado uma linguagem de cinema muito sua, limita-se passivamente a ilustrar este "caso da vida"..Molly (Mila Kunis) é uma jovem toxicodependente há mais de uma década. Depois de 14 tentativas de reabilitação chega à casa de Deb (Glenn Close) a pedir ajuda e a jurar a todos os santinhos que é desta que se limpa. A solução é aceitar um tratamento radical que a pode curar e obrigar o seu corpo a rejeitar biologicamente a heroína, mas antes tem de estar limpa quatro dias. Missão impossível para uma mulher a quem a droga lhe tirou um casamento, filhos e uma relação com os pais. Seja como for, Deb vai fazer tudo para que a filha se aguente sóbria nesses quatro dias..Conto sobre mães e filhas, Four Good Days vive do confronto dramático das duas atrizes. Uma Glenn Close numa mãe tão frágil como durona, mas com segredos do passado e uma filha escanzelada, sem dentes e com as marcas do vício. Daqueles chamados papelões para dar prémios. Não vai ser o caso: Glenn Close é sempre imensa mas não chega para salvar o filme e Mila Kunis dá a ideia de estar numa prova de esforço: coça-se a toda a hora e geme o que tem de gemer mas não se eleva. De alguma forma, é um daqueles casos que evoca outros filmes com o mesmo tema e fica sempre a perder. Precisávamos de outro filme sobre junkies? Obviamente não, mas este também não era preciso parecer-se tanto como um panfleto deslavado de uma receita de psicanálise....Morno, antiquado e sem fôlego, escusava ainda de estar pontuado com uma partitura a querer imitar Arvo Pärt..dnot@dn.pt