A última grande aparição dos Monty Phyton foi em Londres, em 2014, com a reunião de todos os membros vivos - Graham Chapman morreu em 1989 - e um ato final que recuperou a cena Always Look on the Bright Side of Life. Realmente, o melhor mesmo seria apreciar o lado positivo da vida, pois aqueles cinco idosos em cima do palco, de smoking branco e preto, com as caras marcadas pelos anos, eram uma "pálida" imagem do que os seus superfãs se lembravam..Decerto que alguns desses fãs não foram à 02 Arena, mas 700 mil tiveram hipótese de ver em dois mil cinemas pelo mundo a transmissão em direto e recordar as parvoíces - denominadas nonsense - que os Monty Phyton produziram durante a sua existência artística e recordar ainda o elemento falecido com a passagem de imagens de época. Quantos destes fãs se terão perguntado sobre o que o sexteto fez após o fim de um grupo que já foi comparado, em termos de importância, aos Beatles?.Vamos ressuscitar o sexteto, por ordem alfabética..CHAPMAN.Graham Chapman (1941-1989) foi sempre recordado pelo protagonismo nos filmes Monty Python e o Cálice Sagrado, como rei Artur, ou Brian Cohen, em A Vida de Brian. Teve a sua comédia biográfica ficcionada, A Liar's Autobiography, publicada em 1980 e transformada num filme em 2012. Era um adepto de desportos radicais, tanto que teve de ser proibido de praticar bungee jumping, e até participou num papel perigoso num vídeo da banda de heavy metal Iron Maiden. Em 1983, após ter participado em O Sentido da Vida, Chapman explorou o filão dos Monty em digressões constantes pelos Estados Unidos, escreveu vários episódios-piloto que nunca viram a luz do dia. Era homossexual assumido e defensor dos direitos gay, além de fumador de cachimbo e dedicado alcoólico até ao sucesso de A Vida de Brian. Morreu de cancro em 1989..CLEESE.Segue-se John Cleese (1939), um dos Monty mais populares e que tem beneficiado desse legado de todas as formas possíveis. Cabe-lhe a ele e a Chapman muitos dos textos mais famosos do grupo. Após o fim, Cleese não desapareceu do mapa como a maioria dos membros: coescreveu uma das séries mais divertidas da comédia televisiva britânica, Fawlty Towers, colaborou no argumento e foi um dos atores de Um Peixe Chamado Wanda, com um outro Python, Michael Palin, que, como ele, foi dos que melhor sobreviveram ao fim do grupo. Há poucos anos lançou a sua autobiografia, em que revela algumas das historietas dos Monty Phyton. Entretanto, fez uma digressão em 2005 e mostrou-se um ótimo ator solitário em palco, tendo voltado aos palcos em 2009 e em 2015, além de protagonizar algum ativismo político..GILLIAM.Terry Gilliam (1940) é o único membro que não é britânico. Nascido nos Estados Unidos, é talvez o mais lucrativo dos seus membros devido aos muitos filmes que realizou após a desagregação e o fim dos Monty Phyton. Destacou-se como argumentista e realizador e entre os seus filmes mais bem-sucedidos está 12 Macacos, repetidamente exibido nas televisões. Mais recentemente, terminou um filme que começou há 20 anos, O Homem Que Matou D. Quixote, e que contou com um diferendo com o produtor português Paulo Branco no Festival de Cannes no ano passado. Diz-se que J.K. Rowling o queria como realizador para os filmes de Harry Potter, mas tal nunca aconteceu, no entanto montou uma ópera, Fausto, em Londres. Entre as muitas notícias falsas sobre Gilliam destaca-se a da revista Variety, que, em 2015, publicou o seu obituário. Era mentira..IDLE.Eric Idle (1943) é o mais musical dos Monty Phyton. Além de pertencer a uma banda, The Rutles, escolheu esta área após o fim do grupo. E tem tido muito sucesso, porque, após ser o autor de momentos musicais nunca esquecidos pelos fãs nos filmes dos Monty, colaborou em peças que estiveram na Broadway e lhe deram um Tony, produziu e interpretou vários papéis no cinema, foi o responsável por quatro temporadas do talk-show americano Saturday Night Live e escreveu uma peça erudita que foi tocada durante os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, e nunca deixou de explorar o filão Monty Phyton durante os anos que se lhes seguiram..JONES.Terry Jones (1942) era um dos Monty que passaram pela universidade - o outro a formar-se foi Graham Chapman - e considerado um dos principais impulsionadores e aglutinadores do grupo, mesmo que depois tenha entrado em conflito com John Cleese. Mais do que intérprete, Jones preocupava-se com as tarefas de escrita e direção, não se tendo destacado nos filmes como os restantes nos seus papéis. É sua, no entanto, uma das mais importantes deixas dos Monty, quando a mãe de Brian diz que ele não é o Messias mas um grande maroto. Depois dos Monty, Jones dedicou-se a escrever livros e a apresentar programas de história na televisão, designadamente sobre temas medievais, numa série reconhecida e premiada. Publicou poesia. Em 2016, Terry Jones recebeu um prémio nos BAFTA pela sua carreira..PALIN.Sir Michael Palin (1943) era o companheiro de escrita de Terry Jones nos Monty Phyton e foi um dos membros que melhor sobreviveram ao fim do grupo, devido às suas aventuras pelo mundo que substituíram qualquer interesse nos palcos e o tornaram um dos responsáveis pela inovação do género de documentários de viagens na BBC. Após o fim dos Monty, Palin ainda colaborou com Terry Jones e participou em Um Peixe Chamada Wanda, com o qual ganhou um prémio BAFTA. Foi considerado em 2005 um dos melhores comediantes pelos seus pares, mas foram os seus passeios pelos Himalaias, pelo deserto do Sara, pelos polos norte e sul, bem como pelo Brasil e pela Coreia do Norte, que o mantiveram sob o olhar dos fãs, numa série de bons e divertidos programas que o levaram a ser presidente da Real Sociedade de Geografia e ser agraciado com o título de Sir.