PURP. "Se as pessoas mais velhas se unissem..."

Partido Unido dos Reformados e Pensionistas candidata-se pela primeira vez às autárquicas. Com poucas ilusões, mas com esperança "num milagre"
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No campeonato dos pequenos partidos, a campanha faz-se com 500 euros saídos do bolso dos associados. Dá para meia dúzia de bandeiras e uns milhares de folhetos. "É o que há", dizem os membros do Partido Unido dos Reformados e Pensionistas (PURP), que na manhã desta quinta-feira se juntaram no mercado de Sapadores para uma ação de campanha para as autárquicas de Lisboa. É a primeira vez que o partido se candidata a eleições locais, e são os próprios que dizem que não têm ilusões, "isto está feito para os outros" - "com um milagre", talvez um lugar na Assembleia Municipal.

Com os reformados no centro do programa eleitoral, é aos mais velhos que se dirigem os seis elementos do PURP que começam o dia de campanha num mercado totalmente vazio de clientes. Com exceção de quatro vendedoras nas bancas, ali não há eleitores. Mas Fernando Loureiro, reformado bancário que se candidata à Assembleia Municipal (e que é o presidente do PURP), lembra que potencial eleitorado não lhes falta: "Um terço deste país é velho. Nós, que também somos, andamos aqui a tentar que isto se altere um bocado. Se as pessoas mais velhas se unissem...".

Dois passos à frente, já a entrar na general Roçadas, a pequena comitiva aborda uma idosa com o mesmo argumento. Resposta da senhora: "Isto é para os reformados, é? Mas é para a gente pagar?". António Mateus Dias, secretário-geral do partido, aproveita a deixa: "Como é que alguém que tem uma reforma de 300 euros consegue viver nesta cidade? Aumentaram as reformas dez euros? E isso chega para quê?". Por isso, o PURP quer passe social gratuito para idosos com reformas inferiores a 500 euros. E há questão da habitação, ali perto, nos bairros históricos da cidade, onde inquilinos de décadas estão a ser despejados das casas. António Mateus Dias diz que sabe o que é isso: mora em Campo de Ourique, também tem uma carta em casa a intimá-lo a sair. "Os velhos estão a ser escorraçados da cidade."

A ação de campanha é discreta, aqui e ali há um idoso que para, alongando-se nas queixas, e pelo caminho há problemas práticos a resolver. Como o carro que ficou lá atrás a pagar a parquímetro. É preciso ir buscá-lo ou os 500 euros ainda "vão todos parar ao bolso da EMEL". "Deviam mudar a lei de financiamento das campanhas, dar uma verba a todos, nem que fosse simbólica", diz Fernando Loureiro.

António Arruda, o candidato à câmara do PURP, não esteve presente na iniciativa, que acabou na Praça Paiva Couceiro com um vaticínio pouco animador de um idoso desiludido com a política - "Nem que andem aqui 30 anos não conseguem nada". Formado em julho de 2015, o PURP olha para os resultados das últimas legislativas e tem uma esperança diferente: "em dois meses conseguimos 13.998 votos".

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