Puigdemont responde a Sánchez: "Você quer sequestrar-me?"
O ex-presidente da Generalitat Carles Puigdemont respondeu esta terça-feira à promessa eleitoral do candidato socialista à presidência do governo espanhol, Pedro Sánchez, de o voltar a levar para Espanha para enfrentar a justiça: "Você é um irresponsável", disse, num vídeo publicado nas redes sociais.
"Pedro Sánchez você só tem duas maneiras de cumprir a sua promessa eleitoral e as duas são ilegais e contrárias ao direito da União Europeia e à democracia. Uma é que tome, no Conselho de Ministros, as decisões que numa democracia consolidada só as pode tomar o poder judicial. Se você estima e respeita a Constituição você não o pode fazer", disse Puigdemont.
"A outra é fazer o mesmo que um ministro e outros dirigentes do seu partido fizeram no passado e que você seguramente justifica: o sequestro de pessoas. Você quer sequestrar-me, senhor Pedro Sánchez?", acrescentou o ex-líder do governo catalão, referindo-se ao ex-ministro socialista José Barrionuevo, condenado em 1998 por ligação aos Grupos Antiterroristas de Libertação (GAL) responsáveis pelas ações armadas contra o grupo terrorista ETA.
"Você precisa de exibir a minha cabeça como um troféu bárbaro para conseguir votos?", questionou Puigdemont, lembrando que as promessas que Sánchez faz enquanto candidato eleitoral o vincula também como primeiro-ministro.
No debate eleitoral de segunda-feira à noite, o candidato socialista, Pedro Sánchez, comprometeu-se a trazer Puigdemont de volta a Espanha para enfrentar a justiça espanhola. O ex-presidente da Generalitat respondeu a Sánchez num vídeo publicado nas redes sociais.
"Deixe-me dizê-lo claramente: você é um irresponsável. E um irresponsável não poderá contar mais com o nosso apoio", referiu, acusando Sánchez de ser o contrário da "responsabilidade e do diálogo". "Você quer continuar na Moncloa a qualquer preço, correndo o risco de continuar a enviar a Espanha para o precipício", indicou.
Puigdemont disse ainda que a segunda parte da sua mensagem será dada pelos catalães nas urnas a 10 de novembro, sugerindo que Sánchez "respeite o resultado".
Depois de nove líderes independentistas terem sido condenados a 14 de outubro a penas entre os 9 e os 13 anos de prisão por sedição e peculato na organização do referendo de 1 de outubro de 2017 e consequente declaração unilateral de independência, a justiça espanhola pediu logo a reativação da ordem europeia de captura contra o ex-presidente da Generalitat Carles Puigdemont, que se autoexilou na Bélgica. Depois de ser presente a um juiz, este aguarda em liberdade a decisão final.
O Supremo Tribunal espanhol reativou esta terça-feira o mandado de captura contra três ex-líderes independentistas catalães que deixaram Espanha depois da falhada tentativa de independência em outubro de 2017 para evitar responder na justiça pelos seus atos.
Fontes da defesa de Lluís Puig, Toni Comín e Clara Ponsatí, autoexilados na Escócia e na Bélgica, disseram ao jornal La Vanguardia que estes se vão entregar nos próximos dias e estão a preparar-se para uma batalha nos tribunais para evitar a extradição.
Os procuradores espanhóis querem que Comín e Ponsatí, ex-consellers da Saúde e Educação, respetivamente em Bruxelas e na Escócia, enfrentem acusações de sedição e peculato, semelhante aos que resultaram na condenação dos nove líderes independentistas que não deixaram Espanha. Já Puig, ex-responsável pela pasta da Cultura da Catalunha que está em Bruxelas, enfrenta acusações de desobediência e peculato.
Ponsatí, que dá aulas na Universidade de St Andrews, na Escócia, já disse à BBC que está a ser alvo de "perseguição política" e que vai lutar contra a extradição.