PSP no dia da não-violência: "É mais forte o que se contém do que aquele que é agressivo"

A PSP esteve numa escola para falar sobre bullying e novas tecnologias. "É mais forte o que se contém do que aquele que é agressivo".
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Sentados no chão e em cadeiras, os meninos do 1.º ao 4.º ano ouvem, atentos, as explicações do polícia sobre bullying, termo já conhecido, a julgar pelo 'siiiiiim' em uníssono com que os alunos brindaram João Cunha, coordenador da Escola Segura da Polícia de Segurança Pública (PSP) de Belém, Ajuda, Campo de Ourique, Estrela e Alcântara. Foi numa escola desta última freguesia onde decorreu a sessão de esclarecimento esta quarta-feira. "Mais forte é aquele que se contém do que aquele que é agressivo", diz o agente à plateia. Viria a repeti-lo aos mais velhos, alunos do 2.º e 3.º ciclo, em que o discurso esteve mais virado para os jogos online e novas tecnologias.

Os alunos são da Escola Ave-Maria, um dos 160 estabelecimentos de ensino básico, secundário ou superior na jurisdição da 4.ª divisão da PSP e o dia não foi ao acaso: a 30 de janeiro, dia em que morreu Mahatma Gandhi, assinala-se o dia escolar da não-violência e paz. Este ano com o debate público sobre o papel da polícia nos acontecimentos do Bairro da Jamaica ainda ecoar na comunicação social, mas sem menção nesta ação pedagógica. São duas velocidades distintas: numa, a PSP abre um inquérito aos polícias para averiguar a sua atuação; na outra, faz uma "intervenção prevenção" junto dos "adultos de amanhã", como explica ao DN o comandante desta divisão.

A violência de que falam às crianças e jovens acontece em ambiente escolar, o papel da polícia é outro, sublinha o chefe João Cunha, após a apresentação em que explicou aos mais novos que "violência gera violência". "Não podemos não aplicar a lei, se for necessário temos de conter a pessoa, usando a força estritamente necessária", explica.

O subintendente Pedro Fortes, comandante da 4.ª divisão, fala no papel preventivo das ações que se vão fazendo pelo país no âmbito da Escola Segura, um dos programas do policiamento de proximidade. Além de alertar para os problemas dos mais novos, desmistifica o papel da polícia. Dá como exemplo a boa disposição das crianças quando interpelam os agentes. "Isto demonstra que estão à vontade, que os pais já não dizem 'se te portares mal vem a polícia'".

Nos cerca de 60 minutos da apresentação fala-se de tolerância, respeito mútuo, culto de comportamentos não associados à violência e, muito de bullying e os perigos da dependência de novas tecnologias. Seja pela distração que causa, seja online.

A ameaça do Fortnite, a apps de sexo e o Snapchat

No que toca às crianças, e à relação com a tecnologia, "acompanhar o crescendo de complexidade". "As crianças e jovens são cada vez mais exigentes e têm cada vez mais acesso a informação". Aumentam os números dos crimes em que a arma é um computador, diz o subintendente Pedro Fortes.

É um jogo e apenas um jogo? Ou tem mais implicações? Os pais preocupam-se com os efeitos do Fortnite nas crianças, diz o agente Cunha. Na plateia levantam-se os braços. São vários os que gostam de acordar às 05.00 da manhã para jogar. "Falam online com pessoas que conhecem e pessoas que não conhecem sem que os pais saibam", diz João Cunha ao DN.

Os jogos são apenas uma parte dos problemas que chegam à PSP no que às tecnologias diz respeito, A Escola Segura alerta para os perigos associados a aplicações como o Sex Roulete, em que se trocam imagens de teor sexual, e o Snapchat. "Os miúdos acham que os vídeos duram 5 segundos, mas esquecem-se que é possível fazer uma foto nesse tempo".

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