Estas são algumas das conclusões do documento político, que define a estratégia e direção do partido nos próximos anos, aprovado este fim de semana na Conferência Política do PSOE, segundo confirmaram à Lusa fontes socialistas..A reforma das relações com a Santa Sé tem estado na agenda de alguns setores do PSOE há vários anos tendo chegado a ser aprovada agora numa altura em que o partido procura cimentar-se à esquerda, captando apoiantes que têm acusado os socialistas de estar demasiado próximos dos conservadores..Caso se concretize, num cenário de um Governo socialista, estariam em causa quatro acordos que Espanha tem com o Vaticano e que gerem questões como financiamento, ensino e assuntos culturais, temas jurídicos e o papel da religião católica nas Forças Armadas..Nas propostas analisadas e aprovadas durante o fim de semana há um reconhecimento de que "o processo de secularização de Espanha tem sido rápido" e que, com estas medidas, os socialistas não querem restringir o direito religioso, mas apenas passá-lo para o privado..Assim, e cumprindo também uma exigência de muitos setores da esquerda espanhola, o PSOE deverá avançar para garantir que nenhuma religião poderá fazer parte do currículo escolar..Atualmente a religião católica é oferecida em formato opcional nas escolas públicas mas dentro do horário curricular normal, o que implica que alunos que não estejam inscritos na disciplina tenham cadeiras como "Alternativa" ou "Valores"..Já no ano passado, o secretário-geral do PSOE, Alfredo Pérez Rubalcaba, tinha advertido de que os socialistas estudariam "muito seriamente" a revisão dos acordos caso o PP, no Governo, recuasse em medidas de defesa dos direitos civis.."Se retrocedemos e se cada vez que a direita chega ao poder reconsidera todas aquelas leis que temos feito entre todos, para aumentar os direitos civis, e trata de pôr dogmas que não são do conjunto dos cidadãos mas apenas de alguns, o PSOE estudará muito seriamente a revisão dos acordos com a Santa Sede", disse..Em causa estão alterações à lei de aborto -- o Governo do PP quer regressar à lei antes da reforma do anterior executivo socialista - e, em alguns casos, recuando até para posições mais restritivas..O PP continua ainda sem retirar um recurso que apresentou contra a lei de casamento homossexual..No âmbito das alterações à relação com a Igreja Católica, o PSOE quer ainda que se elimine, das declarações de IRPF (equivalente ao IRS) a opção de contribuir diretamente para a igreja, algo que só ocorre com esta confissão religiosa..Fontes socialistas insistem que o objetivo é que todas as confissões religiosas se autofinanciem através das contribuições voluntárias dos particulares, que manteriam os correspondentes descontos fiscais por esse apoio..Nas alterações propostas, a Igreja começaria também a pagar IMI nas propriedades que não são de culto.