PSD de Lisboa quer Sá Carneiro no Panteão
O PSD de Lisboa propôs esta terça-feira que os restos mortais do antigo primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro seja trasladado para o Panteão Nacional, depois de deputados socialistas e sociais-democratas terem proposto, em 6 de julho, que o antigo presidente da República Mário Soares receba essa honra.
Num comunicado enviado às redações, assinado por Paulo Ribeiro, da Comissão Política da Concelhia de Lisboa, e por Victor Reis, da Mesa da Assembleia dessa Concelhia social-democrata, o PSD lisboeta defende que, "para que a memória não se apague", "sejam concedidas honras de Panteão Nacional aos restos mortais de Francisco de Sá Carneiro".
Os sociais-democratas querem homenagear, segundo o comunicado, "o democrata e político, o cidadão corajoso que lutou afincadamente pelas causas da Liberdade, Igualdade, Solidariedade, Justiça, Democracia e dignidade da Pessoa Humana. Um português ilustre, que é uma referência da nossa História Política Contemporânea e que ainda hoje é fonte de inspiração para muitos dos nossos concidadãos".
Numa breve biografia do antigo líder do PSD, os dirigentes de Lisboa registam logo a abrir que "Francisco Manuel Lumbrales de Sá Carneiro nasceu no Porto a 19 de julho de 1934 e faleceu, assassinado, no dia 4 de dezembro de 1980", defendendo assim a tese de que a queda do avião Cessna, em que seguia o então primeiro-ministro - acompanhado de Adelino Amaro da Costa, do CDS e à época ministro da Defesa, e outros passageiros e tripulantes - foi um atentado, como apontou o relatório final da X Comissão Parlamentar de Inquérito à Tragédia de Camarate, que reafirmou essa a tese.
Segundo o PSD lisboeta, Sá Carneiro "dedicou a sua vida e perdeu-a, primeiro por Portugal e pelos Portugueses e só depois pelo seu Partido".
Em 4 de dezembro de 1980, Sá Carneiro embarcou no aeroporto de Lisboa com destino ao Porto (para uma ação de campanha do candidato às eleições presidenciais Soares Carneiro), num pequeno avião Cessna, que se despenharia em Camarate pouco depois de levantar voo.
Soares só em 2037, diz a lei
No início do mês, um projeto de resolução assinado pelos líderes parlamentares do PS e PSD, Carlos César e Fernando Negrão, respetivamente, defendeu que Mário Soares recebesse honras de Panteão Nacional, apesar de ano passado o Parlamento ter colocado um travão a estas honras, impondo por unanimidade 20 anos para que alguém que morra possa merecer essas honras.
Sá Carneiro responde a este critério temporal, Soares terá de aguardar por 2037, a não ser que seja aberta uma exceção.
Os últimos a merecerem estas honras foram Amália Rodrigues, três anos depois de ter morrido em 2001. A lei foi na altura alterada para permitir essa trasladação. Depois seguiu-se a escritora Sophia de Mello Breyner Andresen, morta em 2004, ali sepultada em 2014, e Eusébio, em 2015, apenas um ano depois de ter morrido - uma deposição só possível com várias exceções à lei.