Conselho Nacional do PSD. Rio pede ao partido que se mobilize para combater a abstenção

No Conselho Nacional do PSD, reunido esta quarta-feira à noite em Coimbra, Rui Rio pediu ao partido que se mobilize para o combate à abstenção nas europeias. Disse ainda que "é modesto" porque prefere ganhar eleições em vez de sondagens. Lista de candidatos às europeias foi aprovada por larga maioria, 70 votos a favor e sete contra.
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O líder do PSD assumiu na reunião do órgão máximo entre congresso, reunido esta quarta-feira à noite, em Coimbra, para aprovar a lista de candidatos às europeias, que o PSD entrou em "pré-campanha". Rui Rio manifestou-se "francamente otimista" quanto ao futuro resultado eleitoral do PSD nas eleições de 26 de maio. E lançou um desafio para que isso venha a acontecer: que o partido se mobilize para combater a abstenção. Rui deu ainda o argumentário que os dirigentes e militantes devem usar para convencer o eleitorado a votar no PSD.

"O primeiro passo para ter um bom resultado é o combate à abstenção. Temos de sensibilizar os portugueses", disse aos conselheiros nacionais. Deu-lhes até um exemplo dos efeitos negativos da desmobilização eleitoral nas europeias. Lembrou que o PSD conseguiu seis mandatos para o Parlamento Europeu nas europeias de 2014, apenas o dobro do PCP que conseguiu três mandatos; quando nas eleições para a Assembleia da República, o PSD tem 89 deputados, que representam seis vezes mais do que os 15 de PCP.

"Este é o primeiro passo, independentemente de tudo, da lista, das propostas, da qualidade do discurso, é conseguir levar as pessoas no dia 26 de maio a ir efetivamente votar", insistiu no discurso à porta fechada. São quatro os argumentos que disse poderem ser usados pelo partido para levar os portugueses às urnas. "Temos de ser capazes de convencer os portugueses que a Europa é cada vez mais importante na nossa vida". Além disso, afirmou que é preciso lembrar que esta é uma oportunidade para censurar o governo e que os que os não forem votar têm "menos legitimidade moral" para o fazer. O ranking de performance dos eurodeputados, em que os do PSD aparecem bem colocados, foi o último argumento dado por Rio.

Ao desafio do combate à abstenção, presidente social-democrata acrescentou o segundo de levar o eleitorado a votar no PSD. Rui Rio voltou a dar ao partido os argumentos que considera os fundamentais para que isso aconteça e que passam pelas políticas europeia e nacional e pela própria composição da lista de candidatos do partido ao Parlamento Europeu.

"Votar no PSD significa que em Portugal não vamos no caminho de outros, onde estão forças de caráter extremista, mais à direita do que à esquerda", sublinhou. Defendeu a importância dos partidos tradicionais se reformarem e conseguirem o "entrosamento" na sociedade."Um voto no PSD é um voto que defende a Europa. E isto é rigorosamente verdade". Rio garantiu que está a reformar o partido e em particular ao nível financeiro. Arrancou as palmas do Conselho Nacional quando disse que as contas do PSD de 2018, que irão em breve ao CN, não só têm resultado positivo, como redução de passivo e o ativo até já é maior do que o passivo. "Tudo isto ajuda a construir a credibilidade do partido e a aproximação das pessoas", considerou.

O líder social-democrata reiterou que a abertura ao diálogo com os outros partidos "no que só com os outros é possível" também é um argumento, mas admitiu que 2019, ano com três atos eleitorais - europeias, legislativas e regionais da Madeira - "não é o momento exato para construir consensos".

"Se caminharmos para os extremismos, e só pelo toquezinho do Brexit podemos ver o perigo que a Europa corre se não segurarmos pelo voto os partidos pró-europeus", afirmou.

Considerou também muito relevante lembrar aos portugueses a importância da reforma da União Económica e Monetária. Neste ponto defendeu, entre outras coisas, os superavites em tempo de crescimento económico e um fundo de garantia bancária europeu capaz de ter escala e manter seguras as poupanças dos portugueses e dos europeus."Se isto for explicado toca muito os portugueses".

Ao nível da política nacional lembrou as críticas que tem feito ao governo: falta de crescimento económico; degradação dos serviços públicos e, em particular, na Saúde. "Na Saúde, eles conseguiram degradar a própria taxa de mortalidade infantil, que era algo que tínhamos de melhor no mundo!". Os pedidos de reforma foi outro dos exemplos de como o PSD pode atacar o governo liderado por António Costa. "A pessoa mete

Com esta cartilha e uma lista de candidatos, que elogiou um a um, Rui Rio mostrou-se confiante de que há a "possibilidade e a ambição de ganhar as eleições, ou pelo menos crescer em termos de deputados eleitos".

Terminou o discurso em tom espirituoso: "Sou um tipo modesto. E porquê? Porque nunca consegui na minha vida ganhar uma sondagem. Ganhar uma sondagem é muito, muito difícil e, portanto, não me vou esforçar por isso. Vou pela parte mais fácil, prefiro apenas ganhar as eleições, sem sequer conseguir ganhar as sondagens". Arrancou palmas dos conselheiros.

Açores ataca Rio e Pedro Pinto pede voto secreto

Nesta reunião do Conselho Nacional, o presidente do PSD/Açores levantou a voz para criticar as escolhas de Rui Rio. Alexandre Gaudêncio lembrou que na lista apresentada não há qualquer elemento indicado pela região autónoma dos Açores, quando há mais de 30 anos que o partido tinha a tradição de indicar, em lugar elegível, um nome da região. O líder regional recordou que o nome de Mota Amaral, antigo presidente do governo regional dos Açores e da Assembleia da República, tinha sido indicado, por unanimidade, para integrar a lista em representação da região autónoma e que o 8.ª lugar disponibilizado era "inaceitável", porque não elegível. "Precisamos de um líder que seja amigo das autonomias", disse Alexandre Gaudêncio, numa farpa direta a Rio. À entrada para a reunião deu a entender que o PSD/Açores não irá fazer campanha nas europeias.

O líder da distrital de Lisboa do PSD pediu ao Conselho o voto secreto para a lista de candidatos do partido. Pedro Pinto foi um dos dirigentes do PSD que estiveram no grupo que desencadeou um conselho Nacional extraordinário para tentar a destituição de Rui Rio, num claro apoio a Luís Montenegro, que se perfilou como candidato à presidência do partido. Reunião que se realizou a 18 de janeiro e na qual o líder do partido saiu reforçado com a aprovação de uma uma moção de confiança, também ela aprovada por voto secreto. Só que desta vez, Rio manifestou-se contra a proposta de Pedro Pinto, mas a votação secreta acabou mesmo por ser a opção escolhida pelos conselheiros.

O que não impediu que a lista de candidatos tenha sido aprovada por larga maioria, com 70 votos (91%) a favor e 7 contra.

A lista de candidatos do PSD é paritária e até tem mais mulheres do que homens - 15 contra 14. É encabeçada por Paulo Rangel, a que se seguem Lídia Pereira, líder da maior organização da juventude da Europa; José Manuel Fernandes, eurodeputado; Maria da Graça Carvalho, antiga ministra da Ciência e Ensino Superior; Álvaro Amara, presidente da Câmara da Guarda e líder dos autarcas sociais-democratas; Claúdia Monteiro de Aguiar, eurodeputada indicada pela Madeira; e Carlos Coelho, eurodeputado. Este sétimo lugar, numa lista de 21 efetivos e oito suplentes, está numa zona cinzenta porque de difícil eleição.

Nas europeias de 2014, o PSD concorreu em coligação com o CDS e conseguiram sete mandatos no Parlamento Europeu. Sendo que nestas eleições cada partido concorre autonomamente, pelo que será difícil Carlos Coelho, que ocupa há 22 anos um lugar no PE, vir a ser eleito.

Os conselheiros nacionais PSD aprovaram ainda por maioria que os conselhos nacionais passem a realizar-se apenas às sextas à noite ou sábados a seguir ao almoço, salvo exceções.

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