PSD: bancos com apoio estatal obrigados a revelar grandes devedores

Projeto de lei da bancada social-democrata obriga todos a banca que receba ajuda do Estado a quebrar o sigilo bancário sobre "créditos relevantes". O que abrange ainda os que foram concedidos pelo BES/Novo Banco, Banif e Caixa Geral de Depósitos (CGD).
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A bancada liderada por Fernando Negrão entregou esta terça-feira na Assembleia da República um projeto, que quer ver discutido na quinta-feira juntamente com as iniciativas das outras bancadas, propõe, em primeiro lugar, uma alteração ao Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras para clarificar que o segredo profissional, o segredo bancário, não pode ser invocado para recusar enviar informação às comissões parlamentares de inquérito (CPI) "necessárias ao cumprimento do seu objeto".

O diploma do PSD prevê ainda que, fora do âmbito das CPI, seja consagrada na lei a "obrigação de divulgação de grandes créditos incumpridos ou reestruturados em instituições de crédito que recebam do Estado um apoio direto ou indireto à sua capitalização".

"Criamos uma regra permanente para o futuro: sempre que existir injeção de fundos públicos tem que ser revelada informação sobre grandes créditos relevantes, que tenham sido incumpridos, reestruturados ou levado à necessidade da recapitalização", explicou Leitão Amaro.

Nestes casos, caberia ao Banco de Portugal a recolha dessa informação, que seria transmitida à comissão parlamentar competente, neste caso, a de Orçamento e Finanças, e que os deputados poderiam consultar, com algumas reservas determinadas pelas regras comunitárias.

"A lei não é retroativa mas aplica-se às ajudas públicas concedidas e ainda não reembolsadas", precisou Leitão Amaro, considerando que, desta forma, o diploma permitiria conhecer os grandes incumpridores relativamente à Caixa Geral de Depósitos, Novo Banco ou Banif.

Inicialmente, o PSD fez um requerimento a pedir que fossem divulgados os principais incumpridores da Caixa, por o parlamento apenas poder requerer informação a entidades públicas, mas perante a recusa dessa informação invocando-se os limites da lei, os sociais-democratas avançaram para a alteração legislativa.
"Este é o passo lógico na sequência de pedidos que temos vindo a fazer há muito tempo, felizmente vários dos outros partidos vieram juntar-se ao PSD, ainda que com soluções diferentes", afirmou.

Para Leitão Amaro, o projeto do PSD "é uma solução equilibrada", que não afeta nem a informação bancária de famílias, nem de pequenos e médios e empresários.
"Com o projeto do PSD fica garantido o essencial: o conhecimento dos grandes incumpridores que levaram à necessidade de ajuda pública, mas é delimitado e prudente, garantindo o funcionamento geral do sistema e a privacidade das pessoas", defendeu.

Para quinta-feira, está marcado um agendamento potestativo do Bloco de Esquerda (direito de um partido fixar a ordem do dia) e, na página do parlamento, estão já listadas para debate duas iniciativas do BE, uma do Governo e duas do PCP, a que se deverão ainda juntar uma do CDS-PP e a do PSD.

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