PS decide esta semana se deixa vereação de Moreira

Consumada a rutura entre os socialistas e Rui Moreira no Porto, o PS vai agora decidir se deixa a vereação do município. Convenção aclamou ontem Pizarro como candidato
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O PS vai decidir nos próximos dias se abandona a vereação da Câmara Municipal do Porto. Com o anúncio, ontem, de Manuel Pizarro como candidato às próximas autárquicas na Invicta, depois da rutura entre o atual presidente da câmara e os socialistas, falta agora saber se o afastamento se concretiza já na atual vereação - o acordo para a câmara assinado há quatro anos vigora até 1 de outubro. No quadro deste acordo, o PS tem dois vereadores com pelouro no executivo municipal, um dos quais o próprio Pizarro. Mas, ainda que o PS saia, Moreira manterá a maioria.

Com os acontecimentos a precipitarem-se nos últimos dias a decisão ainda não está tomada, mas um dirigente socialista garantia ontem ao DN que o PS não tem intenção de criar problemas de governabilidade a Moreira. Durante o dia de ontem, e apesar de algumas farpas indiretas que se ouviram na convenção autárquica do PS, os socialistas não se alongaram, aliás, nas críticas a Moreira.

"Não contava estar aqui hoje"

Com a convenção nacional autárquica do partido marcada para ontem, em Lisboa, o PS apressou-se a resolver o imbróglio criado no Porto, avançando com o nome de Manuel Pizarro como candidato logo ao final da manhã. E, com isso, transformando a convenção num momento de aclamação ao candidato. "Não contava estar aqui hoje", admitiu o próprio logo no início do discurso à convenção - também dirigente distrital do PS no Porto, Pizarro tem sido o principal promotor do apoio ao independente que lidera o Porto, uma solução com muitos críticos no partido."À pergunta sobre se é possível, nas circunstâncias de hoje, perseverar na ideia de um apoio a Rui Moreira, tenho que dizer, com grande pena: não, não é possível", disse aos candidatos e militantes socialistas. Pizarro também deixou claro que não gostou das palavras de Moreira, que em entrevista à SIC na sexta-feira à noite disse que pretendia convidá-lo para as listas - mas não em segundo - acrescentando depois que o "PS apoia ou não apoia". "A minha resposta é a seguinte: não, obrigado", sublinhou o agora candidato socialista, acrescentando que "há convites que feitos num determinado tempo e num determinado modo, não podem ser aceites: têm que ser declinados".

O episódio que acabou na rutura entre Moreira e o PS remonta à última quarta-feira, quando Ana Catarina Mendes, secretária-geral adjunta do partido, afirmou ao Observador que a vitória de Rui Moreira no Porto "será uma vitória do PS". Ao que o DN apurou, logo nesse dia Rui Moreira fez saber do seu desagrado face a esta declaração, e a dirigente socialista telefonou, logo nessa noite, ao autarca portuense, a retratar-se da afirmação. Não foi o suficiente. Na noite de quinta-feira o núcleo duro do movimento independente que apoia Moreira reuniu-se e decidiu afastar o apoio do PS, uma decisão conhecida na manhã de sexta-feira que apanhou de surpresa o PS local. Pelo caminho o próprio António Costa falou com Rui Moreira e, na sexta-feira, os socialistas continuavam convictos que o diferendo se resolveria. Mas a entrevista do presidente da câmara do Porto acabou com as dúvidas - a concelhia do PS decidiu então avançar com uma candidatura própria e ficou desde logo decidido que seria Pizarro a avançar e que o nome seria anunciado na manhã seguinte, para que a questão do Porto não ensombrasse a convenção autárquica. António Costa negou ontem que tenha imposto a solução de uma candidatura própria no Porto. De acordo com um dirigente socialista, a intervenção de Costa no processo passou apenas por dar o aval, na noite de sexta-feira, à decisão do PS Porto.

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