A Federação Portuguesa de Tauromaquia (PróToiro) repudiou esta quarta-feira as ameaças de morte que três autarcas da Póvoa de Varzim receberam esta terça-feira e também "quaisquer processos de intenção para ligar a tauromaquia a esses atos".."Atos deste tipo são totalmente inaceitáveis segundo os valores humanistas e democráticos da Tauromaquia. Por outro lado, repudiamos também qualquer tentativa de ligação da tauromaquia a estes atos de forma ligeira, resultando de processos de intenções. Qualquer ato criminal diz respeito somente a quem se apure que o tenha praticado", refere a nota enviada às redações..A PróToiro avisou ainda que a organização continua atenta à ação judicial que interpôs contra a demolição da Praça de Touros da Póvoa de Varzim e construção da Póvoa Arena. "Continua em tribunal e está longe do seu fim", refere a organização.."Este é um processo longe da sua conclusão e seguirá o seu caminho judicial até ao apuramento de todas as responsabilidades em tribunal, o local onde se dirimem democraticamente os diferendos entre pessoas e instituições. A PróToiro continuará a estar na linha da frente do combate pela defesa da liberdade cultural e do património cultural português, segundo os valores humanistas e democráticos que sempre representaram a Tauromaquia e os Aficionados", pode ler-se..O presidente da Câmara da Póvoa de Varzim, no distrito do Porto, o vice-presidente da autarquia e o presidente da Assembleia Municipal receberam esta terça-feira ameaças de morte, através de uma mensagem, acompanhada por uma bala, dentro de envelopes..A ocorrência foi dada a conhecer pela autarquia, através de um comunicado, no qual descreve que os envelopes foram deixados à porta da Câmara Municipal, endereçados ao presidente, Aires Pereira, e ao seu vice-presidente, Luís Diamantino, mas também na porta do local do trabalho do presidente da Assembleia Municipal, Afonso Pinhão Ferreira.."Os conteúdos eram iguais, quer no objeto, quer na dedicatória: uma bala para cada um, acompanhada destes dizeres: 'Não é uma ameaça, muito menos um aviso, é uma previsão. Ou uma destas na testa. A vossa escolha é fácil. Não vamos gastar mais munições com envelopes'", pode ler-se no comunicado da autarquia..No mesmo texto é dito que a ocorrência foi "de imediato participada às autoridades de investigação criminal", com a informação de que as mesmas ameaças "também circulam nas redes sociais"..O incidente aconteceu um dia depois de a Câmara ter iniciado o processo de demolição da Praça de Touros da Póvoa de Varzim, tendo a autarquia feito uma relação entre a intervenção e a ocorrência desta terça-feira.."Não nos antecipando às conclusões a que as perícias laboratoriais conduzirão, adiantamos o que aos poveiros mais atentos parece óbvio: que esta tresloucada ameaça, absolutamente imprópria em meios civilizados e democráticos, não é mais que a tentativa desesperada de uma minoria de impedir a concretização de uma deliberação legitimada pelo voto", acrescenta o texto..O comunicado da Câmara da Póvoa de Varzim garante, ainda, que os visados estão "indiferentes às ameaças e empenhados como sempre em honrar os compromissos que submeteram a sufrágio eleitoral e que colheram alargadíssimo consenso nos órgãos autárquicos municipais".."Reafirmamos que nada nos demoverá do propósito de substituir um espaço anacrónico e de esporádica utilização por um palco de permanente promoção da arte e da cultura, reforçando este vetor estratégico de desenvolvimento da cidade", acrescenta o texto..Recorde-se que a praça de touros da Póvoa de Varzim começou na segunda-feira a ser demolida, depois de um interregno de dois anos devido a uma providência cautelar interposta por uma associação local, a que o tribunal não deu provimento..As operações começaram depois de a autarquia ter recebido, na quinta-feira, a informação de que a decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto transitou em julgado, dando 'luz verde' para que as obras para a construção de um pavilhão multiúsos, que vai ser erguido no mesmo local, possam avançar..A empreitada, com um custo previsto de cerca de nove milhões de euros, foi anunciada em 2019, mas no ano seguinte, já depois do lançamento do concurso público, o processo de demolição foi travado pela justiça, na sequência de uma ação movida pela Patripove (Associação de Defesa e Consolidação do Património Poveiro)..A associação considerava que o equipamento devia ser "preservado e não demolido", apontando que o mesmo faz parte "do património imaterial da memória de gerações de poveiros e da memória da cultura popular portuguesa".