"La Manada". Protestos voltam às ruas contra sentença polémica
Um tribunal espanhol condenou, na quinta-feira, cinco homens a nove anos de prisão, cada um, por delito continuado de abuso sexual e não pela violação coletiva de uma rapariga de que estavam acusados, o que está a motivar protestos nas ruas desde esse dia.
O grupo, autodenominado 'La Manada', estava acusado da violação de uma jovem de 18 anos durante as festas de São Firmino em 2016, em Pamplona. O tribunal de Navarra condenou os arguidos por abuso sexual, mas absolveu-os do delito de agressão sexual (violação), pelo qual estavam também acusados pelo Ministério Público.
A manifestação, na qual participam 32.000 pessoas, segundo a polícia municipal, foi convocada por diversos grupos feministas que demonstraram a sua discordância, não apenas com o atual Código Penal, mas também com a interpretação que os juízes fizeram e com o modelo patriarcal, que denunciam estar na origem do problema.
A manifestação partiu do Palácio de Justiça de Navarra, que se encontra protegido por agentes policiais, após os incidentes registados neste local depois do anúncio da sentença, e é encabeçada por uma bandeira do Movimento Feminista Basco na qual se pode ler: "Não é abuso, é agressão, nós acreditamos em ti".
A alguns metros atrás, de acordo com a agência de notícias EFE, é visível uma segunda faixa com um fundo preto, a cor principal entre as pessoas que se manifestam, na qual está inscrito: "Somos mulheres: não vamos parar".
Durante a manifestação, que contou com o apoio de representantes de vários movimentos, associações e partidos políticos, os gritos em basco e castelhano têm sido insistentes a favor da luta feminista e da vítima deste caso, e contra os acusados, os juízes e as leis.
Diversos grupos feministas qualificaram a condenação dos cinco homens de "dececionante" e "muito prejudicial", já que temem que se possa abrir "um precedente negativo" e colocar um obstáculo para que as mulheres recorram à justiça para denunciar agressões sexuais.
A decisão provocou a indignação dos grupos feministas, que sempre apoiaram a vítima.
"É uma mensagem negativa para os agressores e para as vítimas", afirmou anteriormente a presidente da Federação de Mulheres Progressistas, Yolanda Besteiro.