Protestos contra e a favor do Islão juntaram milhares
Contra a islamização da Europa causada pela chegada de centenas de milhares de migrantes e refugiados vindos do Médio Oriente e África. Foi este o lema dos protestos organizados ontem em cidades de 14 países europeus na sequência de um apelo feito pelo movimento anti-islâmico alemão PEGIDA. Como resposta muitos europeus saíram também à rua em contra-manifestações.
Dresden, a cidade de origem do PEGIDA, foi um dos palcos dos protestos de ontem. A manifestação anti-islâmica, que se previa que juntasse 15 mil pessoas, foi acompanhada de perto por cerca de mil polícias, que seguiram os manifestantes enquanto estes gritavam palavras de ordem contra o Islão e empunhavam cartazes a criticar a chanceler alemã, Angela Merkel, que acusam de ter uma postura liberal relativamente aos refugiados.
Cerca de duas mil pessoas - menos do que as 10 mil esperadas pela polícia - marcharam na mesma cidade contra o PEGIDA, apelando à tolerância para com os migrantes. "Não há lugar para os nazis" e "não precisamos de xenofobia, de demagogia, nem do PEGIDA" foram os cânticos mais ouvidos nesta marcha.
Em França, uma marcha em Calais resultou em 20 prisões, informaram as autoridades locais, com a polícia a ter de usar gás pimenta para dispersar os manifestantes que estavam a causar tumultos. Outra marcha em Montpellier atraiu apenas cerca de 200 pessoas.
Em Praga, na República Checa, cerca de cinco mil pessoas participaram numa marcha organizada por dois grupos de extrema-direita, tendo a polícia feito quatro detenções, tendo também sido realizada uma contra-manifestação. Já em Dublin, houve rixas entre os que se juntaram para participar na primeira ação do PEGIDA na Irlanda e os seus opositores.
Na Holanda, mais concretamente, em Amesterdão, a polícia de choque prendeu mais de uma dúzia de manifestantes, quer do PEGIDA, quer participantes numa contra-manifestação, tendo cada grupo reunido algumas centenas de apoiantes. No Reino Unido, na cidade de Birmingham, a polícia deu conta de cerca de 150 apoiantes de extrema-direita terem saído à rua, enquanto que se juntaram 60 opositores daquela organização. Também houve marchas em Varsóvia (Polónia), Bratislava (Eslováquia) e Graz (Áustria).
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Sírios vão poder entrar
Mais do que quaisquer manifestações contra ou a favor, o destino dos refugiados que querem vir para a Europa está dependente da vontade política dos países. Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia frisaram ontem que a Turquia tem o dever "moral e legal" de acolher os milhares de refugiados sírios que estão a fugir de Aleppo e se encontram na fronteira turca.
Reunidos em Amesterdão para discutir a crise migratória, os responsáveis pela diplomacia dos 28 sublinharam ao homólogo turco que a ajuda de três mil milhões de euros aprovada pela UE serve precisamente para dar à Turquia os meios de prestar essa ajuda.
O ministro Mevlut Cavusoglu assegurou que a Turquia vai manter a "política de fronteiras abertas" aos refugiados, mas não precisou quando é que os sírios bloqueados vão poder passar. "Há um dever moral e legal de proteger quem necessita de proteção internacional", disse a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.
Já a chanceler alemã Angela Merkel advertiu que a manutenção do espaço Schengen depende da proteção das fronteiras da UE. E esta passa pela implementação do acordo entre a União Europeia e a Turquia, país que visita amanhã.
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