Projeto dá "nova vida" a mosteiro em Évora para aliar artes, património e espiritualidade

O Mosteiro de S. Bento de Cástris, em Évora, está a ser recuperado, num projeto que lhe quer devolver a dimensão espiritual, com uma comunidade de monges, e "injetar" nova "vida" como centro de artes, património e investigação.
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O SPHERA Castris, ou seja, Southland Park for Heritage and Arts (Parque do Sudoeste para o Património e para as Artes), está a ser dinamizado pela Direção Regional de Cultura do Alentejo, em parceria com outras entidades da região, como vários centros de investigação e a Escola de Artes da Universidade de Évora.

"O que pretendemos é que o mosteiro se torne num polo dinâmico de projeto entre o património, as artes e a investigação", explicou hoje à agência Lusa a diretora regional de Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira.

A requalificação das coberturas e telhados e de duas salas, assim como a criação de hortas, são algumas das obras já efetuadas, desde 2014, num investimento próximo dos 400 mil euros, indicou a Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlen).

A nova fase do projeto, este ano, candidatada e aprovada pelo programa Alentejo 2020, que garante apoios comunitários, inclui a requalificação de uma das alas do mosteiro e a beneficiação da instalação elétrica, num investimento que ronda os 400 mil euros.

Já quanto à requalificação do património integrado, nomeadamente de pinturas murais, estuques e massas, foi feita uma candidatura ao programa VALORIZAR, do Turismo de Portugal, que ronda os 364 mil euros.

"Este processo não tem a rapidez que nós gostaríamos por dificuldades financeiras, que não nos permitem fazer o investimento todo de uma vez só. Portanto, tem que ser faseado e de acordo com as possibilidades de investimento da DRCAlen", explicou Ana Paula Amendoeira.

O objetivo, até 2020, assinalou, passa por aliar neste espaço, situado a dois quilómetros de Évora e classificado como monumento nacional, "a conservação, o restauro patrimonial, a investigação" ligada àquelas áreas e "a criação artística".

"O projeto assume ainda uma visão holística e integradora de desenvolvimento, onde não é esquecida a dimensão espiritual que esteve na origem da construção do complexo monástico", uma das mais antigas casas religiosas femininas em Portugal, indicou também a Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlen).

Para Ana Paula Amendoeira, a dimensão espiritual do SPHERA Castris é, precisamente, "uma particularidade" a destacar, pois, pretende-se que o mosteiro, que está desocupado, acolha monges da Ordem de Cister.

Os promotores da iniciativa, referiu, estão a procurar concretizar "a instalação de uma comunidade de monges cistercienses, que é a ordem do Mosteiro de S. Bento de Cástris, desde sempre", para que estes "possam também fazer o seu projeto espiritual" naquele espaço.

"É importante dar continuidade àquela que é a função primordial do mosteiro", embora este, como edifício público, propriedade do Estado, possa passar a ter, agora, "outras valências que têm a ver com a vida contemporânea e com aquilo que é a missão da DRCAlen".

A componente religiosa do projeto também contribui, no entender da diretora regional, para recuperar a "ligação muito forte" que S. Bento de Cástris "sempre teve com a cidade e as pessoas de Évora".

A intenção é, pois, que, na igreja do convento, numa ótica multifuncional, "as pessoas possam casar-se, possam batizar crianças e possam ir à missa", com o mesmo edifício a servir também de palco para "concertos e conferências".

Residências artísticas, laboratórios de restauro, reservas arqueológicas, museológicas e de materiais de construção e áreas agrícolas para investigação em agricultura sustentável são outras das valências que estão previstas para o mosteiro, fundado em 1274 e que, entre os anos 60 do século passado e 2005, albergou a secção masculina da Casa Pia de Évora.

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