Professores querem aulas já no dia 10 mas criticam falta de prioridade no acesso ao reforço

Lacerda Sales garante que se manterá a data para o início do 2.º período. Os pais concordam. Os docentes também, mas sublinham que deviam ter prioridade na vacinação.
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As aulas vão mesmo recomeçar a 10 de janeiro independentemente da evolução da situação epidemiológica, garantiu ontem o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales. Tem a concordância dos pais e dos professores, com uma crítica destes últimos: deviam ter sido prioritários no reforço da vacinação contra a covid-19, como aconteceu na primeira fase.


"Os professores estão a levar o reforço da vacina de acordo com a idade. E a indicação que temos é que mal veem anunciado o agendamento para o seu grupo etário, imediatamente o fazem. Mas penso que houve algum descuido nessa matéria, talvez por se pensar que os infetados não iriam atingir números tão elevados. Devia ter-lhes sido dado prioridade, por exemplo, serem vacinados ao mesmo tempo que as crianças. Agora, ficam vacinadas as crianças e os professores não e, antes, estavam os docentes e não os alunos", explica Paula Carqueja, presidente da Associação Nacional de Professores.

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O agendamento para a dose de reforço contra a covid-19 está, agora, aberto para os que têm 50 e mais anos, os de 30 e mais anos vacinados com Janssen há 90 ou mais dias e os de 5 aos 11 anos. E em regime de "casa aberta" para os adultos mais velhos dos dois grupos.


A Federação Nacional dos Professores (FENPROF) emitiu ontem um comunicado sobre o início do 2.º período a 10 de janeiro, criticando o atraso no reforço da vacinação da classe. Sublinham que "cerca de metade dos professores e educadores poderá já ter sido vacinado ou agendado a vacinação", o que se deve ao envelhecimento destes profissionais. Exige que, "em nome da segurança que lhes é devida, assim como às suas famílias, e no sentido de garantir que o ensino se manterá presencial, serem chamados à vacinação, os que a aguardam, ainda antes do retorno às aulas, tendo em conta, até, que as pessoas mais idosas e/ou com comorbidades já foram vacinadas".


Recorda que quando os estabelecimentos de ensino fecharam para as férias de Natal "dois terços dos cerca de 600 surtos de covid-19 em Portugal aconteciam em escolas".

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A pandemia provocou uma recalendarização dos períodos letivos, avançando-se em uma semana o regresso às aulas no 2.º período. Data que se irá manter apesar do grande aumento de infetados com a variante Ómicron, garantiu o secretário de Estado Adjunto e da Saúde. "As aulas começam no dia 10 de janeiro para as crianças, porque essa é uma medida fundamental para a saúde física, mental, social e psicológica das nossas crianças", afirmou Lacerda Sales.


O governante falava ontem à margem da cerimónia de receção de médicos internos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Considerou que o ensino presencial "é fundamental para as crianças".

A medida será discutida no Conselho de Ministros de quinta-feira e depois de uma reunião de peritos no Infarmed já marcada para o dia anterior.
Os professores e encarregados de educação concordam que não existam mais adiamentos e que as aulas se mantenham presenciais. "Não temos, a nível da escolaridade e do país, outro meio de mantermos as nossas crianças saudáveis psicologicamente. A escola é o melhor espaço para estudarem", defende Paula Carqueja.

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A professora considera que ainda está por se fazer uma avaliação completa sobre o impacto do confinamento e do ensino à distância, soluções que funcionaram quando foram decretadas, mas que, diz, não se devem repetir. "Quando se fala na mudança da escola tem que se mudar de dentro e sempre com o ensino presencial".


Os encarregados de educação concordam com essa visão. "Quando defendemos a vacinação das crianças, dissemos que era importante em termos da sua segurança face à doença mas também para que o 2.º e 3.º períodos decorressem com normalidade", salienta Jorge Ascensão, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP).

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"Sabendo as condições com que as escolas podem funcionar e a importância que têm para as crianças e não só ao nível da aprendizagem. Os alunos e as famílias, podem regressar às aulas com a garantia do seu normal funcionamento. A situação pandémica não tem nada a ver com o que se passou no início do ano",acrescenta o dirigente.
Ambos alertam que devem ser mantidos os cuidados sanitários .

Isolamento mantém-se
O período de isolamento para as pessoas infetadas e os contactos de risco mantém-se nos 10 dias, uma vez que ainda não foi publicada a norma com as novas regras. A DGS informou quinta-feira o Ministério da Saúde que esse período passa de dez para sete dias, mas ainda não a formalizou. "Estará concluída o mais brevemente possível, no decurso da semana", diz a DGS. A atualização da norma em março indica dez dias para os assintomáticos e para quem desenvolva doença ligeira.

90% dos graves sem vacina
Quase 90% dos internados com a doença da covid-19 em cuidados intensivos não receberam a vacina, disse esta ontem o secretário de Estado Adjunto e da Saúde. António Lacerda Sales acrescentou que 60% dos internados também não foram vacinados, reforçando o apelo à vacinação.

600 mil testes em farmácias
As farmácias realizaram 600 mil testes à covid-19 nos dias anteriores à passagem de ano. O máximo diário foi atingido a 30 de dezembro, com 213 mil despistes da infeção. Quarta, quinta e sexta-feira foram os dias com maior número de testes, ultrapassando o máximo de 23 de dezembro (160 mil). Há 1400 farmácias aderentes e 700 postos de laboratoriais de testagem ao programa do governo para testes gratuitos. Realizaram-se mais de 26 milhões de testes no país, segundo Lacerda Sales.

116 reclusos infetados
Estão infetados com o SARS-CoV-2 116 reclusos, dois jovens internados em Centros Educativos e 98 trabalhadores, informou a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais. Os funcionários infetados são 82 guardas prisionais, dois profissionais de saúde e 14 outros profissionais. Esta direção abrange 20 mil pessoas entre trabalhadores, reclusos e jovens em centros.

2,9 milhões com reforço
Quase um terço da população portuguesa tem o reforço da vacina contra a covid-19 ( 2 951 409, sendo que mais 81 531 foram inoculados desde domingo. E um quarto da população (2 435 595) levou a vacina da gripe, mais 16 867 no último dia.

ceuneves@dn.pt

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