Denúncias de violência contra mulheres levam à demissão do procurador-geral
O Procurador-Geral de Nova Iorque, Eric Schneiderman, anunciou esta segunda-feira a sua demissão, depois de quatro mulheres com quem manteve relacionamentos o terem acusado de violência física.
As acusações ao democrata de 63 anos foram divulgadas na edição digital da revista The New Yorker, num artigo em que quatro mulheres que afirmam ter mantido uma relação amorosa com o democrata relatam que o procurador-geral de Nova Iorque as agrediu várias vezes.
"Ninguém está acima da lei, nem mesmo o mais importante responsável judicial de Nova Iorque", declarou hoje o governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, que o instou a demitir-se e anunciou que vai nomear um procurador distrital para iniciar uma "investigação imediata".
Uma hora após estas declarações, Eric Schneiderman anunciou a demissão. Schneiderman negou "firmemente" as "graves acusações" que lhe foram feitas, mas decidiu, ainda assim, abandonar o cargo.
"Embora estas acusações não estejam relacionadas com a minha conduta profissional, na verdade, elas impedem-me de fazer o meu trabalho, neste momento crítico", acrescentou.
O Procurador-Geral de Nova Iorque foi uma figura proeminente na defesa das mulheres na sequência dos vários escândalos trazidos a público por muitas figuras femininas do mundo do espetáculo e da política que denunciaram casos de assédio e abuso sexual, inspirando o movimento "Me Too" ("Eu Também").
Michelle Manning Barish e Tanya Selvaratnam, duas das mulheres que acusaram o procurador-geral, afirmaram que o facto de Schneiderman ter usado o poder que tinha para assumir um papel bondoso e ativo no movimento "Me Too" fez com que a raiva e a revolta aumentassem.
"A sua hipocrisia é extraordinária (...) Ele enganou tantas pessoas", declarou Manning Barish.
De acordo com o depoimento de Manning e Selvaratnam, durante os encontros que tiveram com Schneiderman, ele agrediu-as sem consentimento, muitas vezes quando estava na cama com elas e depois de beberem bebidas alcoólicas.
Ambas disseram à New Yorker que o procurador-geral as ameaçou de morte se elas terminassem o relacionamento com ele.
Michelle Manning Barish e Tanya Selvaratnam decidiram tornar públicas estas acusações porque tal "protegerá outras mulheres".
As duas outras mulheres, que pediram o anonimato, denunciaram agressões físicas depois de recusarem envolver-se sexualmente com o procurador. Por outro lado, Schneiderman negou estas acusações, afirmando que o sexo não consensual "é uma linha que não ultrapassou".