Procurador diz que PJ foi "decisiva" na captura do luso-brasileiro
O procurador brasileiro Diogo Castor de Mattos disse hoje que a "contribuição da Polícia Judiciária (PJ) portuguesa foi decisiva para a detenção" do luso-brasileiro Raul Schmidt Felipe Júnior no âmbito da Operação Lava Jato.
O procurador que acompanhou a 25ª fase da Operação Lava Jato em Portugal afirmou, numa declaração enviada aos jornalistas por 'email', que a operação foi "tranquila" e contou com "a contribuição decisiva da Polícia Judiciária portuguesa", que deu todo o apoio logístico necessário, inclusive fazendo um levantamento local".
A operação de hoje teve a participação de 14 elementos da PJ, um procurador da República, um juiz, bem como do procurador Diogo Castor Mattos e dois elementos da Polícia Federal do Brasil.
Segundo fonte do Tribunal da Relação de Lisboa, o detido tem 48 horas para se apresentar ao juiz desembargador de turno naquele tribunal superior e ser-lhe-á feita apenas uma pergunta: se aceita o pedido de extradição feito pelas autoridades judiciárias brasileiras.
Caso a resposta seja negativa, explicou a fonte, "o juiz dá ao detido no mínimo cinco dias, mas normalmente dez", para que este fundamente, por escrito e através de um advogado, a sua recusa de extradição.
A partir de então, de acordo com o procurador brasileiro, "o Brasil terá 40 dias para formalizar o pedido de extradição", cabendo depois a Portugal a decisão final.
Apesar de Raul Schmidt Felipe Júnior ser luso-brasileiro, "não é um português nato", pois nasceu no Brasil, por isso, o procurador acredita que "há possibilidade de Portugal extraditá-lo".
"Caso não seja extraditado, o processo contra ele no Brasil será transferido para Portugal", esclareceu.
Diogo Castor de Mattos referiu ainda que o detido é "um dos grandes operadores de vantagem indevida na Petrobras do exterior".
"Foi possível apreender uma vasta documentação da utilização dessas contas ocultas em nome de 'offshores' no exterior, e certamente isso representará um avanço importante para seguir o rasto desse dinheiro, para seguir o rasto desses crimes praticados principalmente na Suíça, no Mónaco e em outros países", disse.
De acordo com a Procuradoria brasileira, Raul Schmidt Felipe Júnior é investigado pelo pagamento de subornos aos ex-diretores da estatal petrolífera Petrobras Renato de Souza Duque (Serviços), Nestor Cerveró e Jorge Luiz Zelada (ambos da área Internacional).
Os três estão presos no Brasil pela participação no esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa instalado na Petrobras.
Raul Schmidt foi sócio do ex-diretor da Área Internacional da Petrobrás Jorge Zelada, condenado no mês passado a 12 anos e dois meses de prisão por corrupção e branqueamento de capitais no âmbito da Operação Lava Jato.
A Operação Lava Jato começou em março de 2014 e é considerada uma das maiores investigações a atos de corrupção e branqueamento de capitais no Brasil.