Proclamação de Felipe VI a partir de dia 16
O rei Juan Carlos e o príncipe Felipe vão estar juntos hoje de manhã num evento em El Escorial, província de Madrid, naquela que será a primeira aparição conjunta após o anúncio de ontem de que o monarca iria abdicar do trono a favor do filho.
Também hoje o governo espanhol vai aprovar, numa reunião do Conselho de Ministros extraordinária, a lei orgânica da sucessão, que irá fixar o procedimento a seguir para a sucessão. A partir daí deverão decorrer várias formalidades que levarão à formalização da abdicação e posteriormente à sua promulgação.
Só a partir de dia 16, avança o jornal espanhol "El País", é que se poderá celebrar a proclamação de Felipe VI.
Até lá, Juan Carlos mantém-se como rei de Espanha como há 39 anos. Mas ontem, perante tanta atenção mediática não resistiu a uma graça. "Nunca se interessaram tanto por mim como hoje", disse, no Palácio da Zarzuela, em Madrid, no âmbito de uma audiência com o presidente da Câmara do Comércio dos Estados Unidos, Thomas Donohue. "Que barbaridade", havia já dito, segundo escreve o diário "ABC", ao entrar no salão para receber o seu convidado.
Enquanto isso, nas ruas das principais cidades espanhola, dezenas de milhares de manifestantes exigiam um referendo sobre a monarquia em protestos convocados de forma espontânea nas redes sociais depois de o presidente do Governo, Mariano Rajoy, anunciar logo de manhã a decisão de Juan Carlos abdicar da coroa espanhola.
Pouco depois das 21:00 (20:00 em Lisboa) estavam concentradas mais de 20 mil pessoas na Puerta do Sol, no centro de Madrid. "España, mañana, sera republicana", era uma das frases mais repetidas. Um protesto idêntico juntou milhares de pessoas na Praça da Catalunha, no centro de Barcelona, onde além das bandeiras tricolores (vermelhas, amarelas e roxas) da 2.ª republica se viam bandeiras independentistas catalães e cartazes a favor da independência na Catalunha.
A par dos protestos estão a ser partilhadas pelas redes sociais duas petições a favor de um debate parlamentar sobre o futuro modelo de Estado em Espanha e da realização de um referendo sobre a monarquia que tinham, oito horas depois da abdicação de Juan Carlos, reunidas mais de 120 mil assinaturas.