Prisão perpétua para o maior violador da história do Reino Unido
Reynhard Sinaga, um estudante indonésio de 36 anos a viver em Manchester, no Reino Unido, foi considerado culpado de atrair 48 homens de clubes da cidade para o seu apartamento, onde os drogou e agrediu sexualmente e ainda filmou os ataques. A polícia britânica diz ter provas de que Sinaga atacou pelo menos 190 homens.
Um "predador sexual em série" que é condenado por 159 crimes sexuais, incluindo 136 violações, "nunca deveria ser libertado", afirmou a juíza que o condenou a prisão perpétua. A mesma juíza decidiu que a pena não poderá ser revista antes de Sinaga ter cumprido no mínimo 30 anos de prisão.
Ian Rushton, do Crown Prosecution Service (CPS), o principal órgão público britânico para conduzir processos criminais em Inglaterra e no País de Gales, descreveu o indonésio como "o violador mais prolífico da história jurídica britânica".
"Se não fosse apanhado, certamente que iria aumentar a sua lista [de vítimas]", disse Rushton, que destacou o facto de Sinaga ter "um prazer particular em atacar homens heterossexuais".
O estudante de doutoramento na Universidade de Leeds, no norte de Inglaterra, já estava a cumprir uma pena de prisão mínima de 20 anos, depois de ter sido condenado por crimes na primavera e verão de 2018.
Em quatro julgamentos separados, o cidadão indonésio foi considerado culpado de 136 acusações de violação, oito acusações de tentativa de violação, 14 acusações de agressão sexual e uma acusação de agressão por penetração, num total de 48 vítimas.
Na audiência, a juíza Suzanne Goddard QC disse que Sinaga "atacava jovens" que queriam "nada mais que uma boa noite com amigos". "Na minha opinião, o senhor é uma pessoa altamente perigosa, ardilosa e enganadora e nunca será seguro libertá-la", disse a juíza, citada pela BBC.
Sinaga esperava pelos homens à saída de discotecas e depois levava-os para o seu apartamento. Atraia-os com a promessa de uma bebida ou de uma ligação para chamar um táxi. Depois, drogava as vítimas e atacava-as sexualmente. Muitas das vítimas, quando acordavam, não tinham memória do que tinha acontecido.
O estudante, que negou as acusações, alegou que toda a atividade sexual era consensual e que cada homem tinha concordado em ser filmado enquanto fingia estar a dormir - uma tese defendida pela defesa e que a juíza considerou "ridícula".
Numa sentença anterior, o juiz disse que tinha a certeza de que Sinaga tinha usado uma droga conhecida como "a droga da violação" - a GHB (gama-hidroxibutirato).
A secretária do Interior, Priti Patel, disse estar "profundamente preocupada" com o uso desta droga e em resposta aos "crimes verdadeiramente doentios" de Sinaga, pediu a um conselho independente que confirmasse se os controlos de drogas como o GHB eram "suficientemente duros".
Uma das vítimas ouvidas em tribunal disse [sobre Sinaga]: "Destruiu uma parte da minha vida", enquanto outra afirmou: "Espero que ele nunca saia da prisão e apodreça no Inferno".
"Tenho períodos em que não consigo levantar-me e enfrentar o dia", desabafou outro dos homens atacado. Várias vítimas disseram que o ataque teve um sério impacto na sua saúde mental, e alguns confessaram pensamentos suicidas.
"Contagem impressionante", disse também a juíza Goddard, que destacou a "escala e enormidade" das ofensas de Sinaga. Sublinhou que o cidadão indonésio não demonstrou nenhum remorso e que por vezes parecia estar a gostar do julgamento.
Sinaga atacou homens durante anos. Foi detido em junho de 2017 quando uma vítima, que recuperou a consciência ao ser agredida, lutou com o violador e chamou a polícia. Quando as autoridades apreenderam o telefone de Sinaga, descobriram que o estudante tinha filmado cada um dos seus ataques - eram centenas de horas de filmagem.
Esta descoberta levou ao lançamento da maior investigação de violação da história britânica. O vice-chefe de polícia Mabbs Hussain disse que a verdadeira extensão das ofensas de Sinaga provavelmente nunca seria conhecida.
"Suspeitamos que ele tenha atacado homens durante um período de 10 anos", afirmou. Os investigadores rastrearam dezenas de vítimas dos vídeos usando pistas encontradas no apartamento de Sinaga, em Manchester, como telefones roubados, cartões de identificação e relógios.
Os detetives dizem que não foram capazes de identificar 70 vítimas e apelam para que quem foi atacado por Sinaga que contacte a polícia.