Príncipe William diz que apoiará decisão das Bahamas, que admite cortar laços com a coroa
O príncipe William afirmou esta sexta-feira que a família real britânica apoiará as decisões das Bahamas sobre o seu futuro, na terceira paragem de uma visita dos duques de Cambridge pelas Caríbas, recebidos com protestos numa região que pondera as relações futuras com a monarquia do Reino Unido.
Falando numa receção organizada pelo governador-geral das Bahamas em Nassau, William sublinhou que se aproxima o 50º aniversário da independência da ex-colónia da Grã-Bretanha. "E com a Jamaica a comemorar 60 anos de independência este ano e o Belize que comemorou 40 anos de independência o ano passado, quero dizer isto: apoiamos com orgulho e respeitamos as vossas decisões sobre seu futuro", disse William, citado pela France Press, acrescentando: "Os relacionamentos evoluem. A amizade perdura."
A viagem do príncipe William e de Kate foi planeada para marcar o 70º aniversário da coroação da rainha Isabel II. Mas o casal real foi recebido com protestos e acusações de estar a fazer um périplo "colonial". Na última terça-feira, na Jamaica, manifestantes com cartazes reuniram-se em protesto junto ao Alto Comissariado britânico, antes da chegada dos duques de Cambridge, e exigiram que a monarquia pague reparações e peça desculpa pelo papel no tráfico de escravos que levou centenas de milhares de africanos para a ilha, para trabalhar em condições desumanas. O primeiro-ministro, Andrew Holness, disse a William, em frente às câmaras de televisão, que a nação está a "seguir" o seu caminho como um país independente, num contexto de crescentes pedidos para que a Jamaica siga o exemplo de Barbados e se torne uma república, deixando de ter a rainha inglesa como chefe de Estado.
Durante a viagem William expressou a sua "profunda tristeza" pela história da escravidão, que qualificou como "abominável". "Nunca deveria ter acontecido", defendeu. Até agora, nenhum pedido formal de desculpas foi feito pela família real britânica.
A visita ocorreu no momento em que a Grã-Bretanha enfrenta cada vez mais seu passado colonial, em particular seus memoriais para figuras históricas ligadas ao tráfico de escravos.