Princesa japonesa torna-se plebeia e deixa de trabalhar

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O Instituto de Ornitologia de Yamashina perdeu, ontem, uma funcionária em part-time a princesa Sakayo, que se dedicava ao estudo de aves duas vezes por semana, casou, em Tóquio, com o urbanista Yoshiki Kuroda . Um casamento serôdio, este - ele e ela têm, respectivamente, 40 e 36 anos -, que plebeizou a mais nova dos três filhos do Imperador Akihito.

Ou seja, doravante, Sakayo responde apenas pelo nome de senho-ra Kuroda, esposa e dona de casa. Melhor, dona de apartamento de 50 metros quadrados, localizado em Tóquio, não muito longe do Palácio Imperial, enquanto espera por Abril, quando mudará para um andar em condomínio privado.

O pai já a sossegou, pedindo-lhe para ir aparecendo "Vem visitar- -nos de tempos a tempos", à margem das cerimónias oficiais, nas quais a senhora Kuroda deixou de poder participar, sugeriu o imperador, como relatou a filha em depoimento escrito divulgado antes de contrair núpcias.

Depois, a sorrir - um sorriso cúmplice, ainda que hirto -, ele à frente, ela uns quantos passos atrás, ambos deram conta do gran-de desejo que os move ter uma "fa-mília pacífica". Cá fora, cerca de seis mil súbditos iam gritando "banzai", "banzai", saudação pa-triótica de longa vida à família imperial (à letra, mesmo muito longa: "dez mil anos").

Neste império das mulheres - desde há 40 anos que não nasce varão na família de Akihito -, a tradição já não é o que era. Cabelo à pajem, Sakayo escolheu um longo vestido de seda, luvas de cano alto, sapatos de tacão médio e colar de pérolas de volta simples, tudo em branco, em vez do tradicional e vistoso juni hitoe -kimono habitualmente usado pela dinastia do Sol- -Nascente neste tipo de cerimónias. Para não destoar, Yoshiki foi de fraque, modelo ocidental, a fugir à tradição xintoísta.

Online não caiu bem a escolha dos Kuroda. No fórum de discussão criado pelo jornal Japan Today lamentava-se, por exemplo, a falta de glamour da união comparativamente com os casamentos reais selados em Espanha e na Dinamarca.

Para o casal de plebeus sem direito a título nobiliárquico (ao contrário da ex-diplomata Masako, que, em 1993, se tornou princesa após casar com Naruhito, herdeiro do trono), o secretário-geral do Partido Liberal Democrático, no Poder, reservou palavras entusiásticas e poéticas "Sinto-me como se estivéssemos perante a primeira luz da madrugada ou a esperança do futuro que se perfila."

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