Primeiro-ministro búlgaro passa testemunho após 10 anos no poder

No poder desde 2009, praticamente sem interrupção, o líder político conservador de 61 anos foi confrontado no verão de 2020 com uma vaga de manifestações contra a corrupção no país, e as suas supostas ligações com a oligarquia financeira.
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O primeiro-ministro búlgaro, Boiko Borissov, anunciou esta quarta-feira que renuncia a dirigir o próximo Governo, após uma curta vitória do seu partido conservador nas legislativas de 04 de abril.

"Não serei candidato ao cargo de primeiro-ministro", declarou num vídeo divulgado na sua conta na rede social Facebook.

Borissov explicou a decisão pelo seu desejo "de não dividir a nação", apesar de considerar "não existir pessoas mais competente" do que o próprio para ocupar o cargo.

"Vou apresentar o nome de um outro primeiro-ministro, com uma clara orientação pró-europeia e pró-NATO", precisou, sem fornecer mais detalhes.

No poder desde 2009 praticamente sem interrupção, o líder político conservador de 61 anos foi confrontado no verão de 2020 com uma vaga de manifestações contra a endémica corrupção no país, e as suas supostas ligações com a oligarquia financeira.

Nesse período de agitação recusou demitir-se na expectativa das eleições.

O seu partido, Cidadãos para um Desenvolvimento Europeu da Bulgária (GERB), venceu com 26,7% dos votos e obteve apenas 75 dos 240 lugares de um parlamento muito fragmentado, e com todas as outras formações do hemiciclo a recusarem coligações com Borissov.

Na qualidade de partido mais votado, e de acordo com a Constituição, Boiko Borissov deverá emitir nas próximas semanas uma proposta de governo, mesmo que tenha "poucas hipóteses" de obter a aprovação do parlamento, como já reconheceu.

No caso de a iniciativa do GERB falhar, o Presidente, Rumen Radev, deverá convocar o partido antissistema Este Povo Existe (ITN), fundado pelo cantor e animador televisivo Slavi Trifonov, que surpreendeu ao tornar-se a segunda força política.

Este dirigente, em isolamento desde o escrutínio devido à covid-19, manteve até ao momento o silêncio sobre as suas intenções.

"Eles não têm o direito de desertar. Isso seria sinónimo de caos", advertiu Borissov.

Duas novas formações parlamentares que participaram ativamente nos protestos, a aliança eleitoral Bulgária democrática (BD, direita) e a coligação de esquerda De Pé! Máfia Rua! (ISMV), declararam-se dispostas a apoiar um governo de Trifonov, mas estas três novas forças políticas apenas garantem 92 deputados.

Após três tentativas fracassadas, a Constituição força à convocação de novas eleições.

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