Presos polícias suspeitos de morte de são-tomense em esquadra

Morte de são-tomense de 35 anos aconteceu 48 horas antes das eleições legislativas e autárquicas no país. Incidente provocou agitação nas ruas e levou a polícia de choque a ter de intervir
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Agentes da polícia de São Tomé foram detidos por "fortes indícios" de envolvimento no alegado espancamento de um homem que terá levado à sua morte, na esquadra de Mé Zóchi, anunciou este sábado o Ministério Publico (MP) local.

"Diligências realizadas conjuntamente com o comando-geral da Polícia Nacional e a Polícia Judiciaria apuraram haver fortes indícios de [os agentes da polícia] serem autores materiais dessa ação criminosa - homicídio, previsto e punido pelo Código Penal", indica o comunicado da Procuradoria-geral da República são-tomense, a que Lusa teve acesso.

Um incidente entre um cidadão da comunidade de Monte Café, Alexander Nascimento, e agentes de polícia do comando distrital de Mé Zóchi e da unidade de proteção dos dirigentes de Estado terá acabado, na quinta-feira à noite, na morte do detido.

De acordo com um familiar, o incidente com a polícia teve início num bar, situado a pouco mais de cinco metros do comando da polícia do distrito de Mé Zochi.

"Ele foi almoçar no bar e a moça que o serviu deu conta que estava armado e foi à polícia informar que o cliente estava com uma arma. Logo, de imediato, foram quatro agentes pedir-lhe a arma, que ele se recusou a entregar", explicou o irmão da vítima.

Segundo o irmão, Honésio Nascimento, Alexander "pôs-se em fuga", tendo sido seguido pela polícia.

"Quando o apanharam deram-lhe muita porrada, algemaram-no e trouxeram-no para o comando onde voltaram a bater-lhe", contou.

Alexander Nascimento, de 35 anos, pai de duas crianças, morreu na noite de quinta-feira e o corpo foi levado para a morgue no hospital central na capital onde, segundo o irmão, os familiares foram impedidos de o ver.

"O Ministério Público, no momento em que teve conhecimento do sucedido, em observância do princípio de oficialidade, mandou instaurar um inquérito para a descoberta da verdade material dos factos e a responsabilização dos autores de ato criminoso", explica em comunicado.

Familiares e populares da cidade de Trindade, em São Tomé e Príncipe, acusaram a polícia de matar o homem que estava detido, causando agitação nas ruas e levando a polícia de choque a intervir.

"Queremos justiça, quem eles mataram não é um cão, ele nunca roubou, nunca matou ninguém. Não se pode matar um jovem pai de dois filhos assim do nada", protestaram vários populares, diante de um cordão de cerca de uma dúzia de agentes policiais, alguns deles da polícia de choque.

"Todos os elementos ora vindos a público, designadamente através da comunicação social, serão objeto de análise e investigação", adiantou o Ministério Publico, referindo que "nesta investigação o Ministério Publico é coadjuvado pela Polícia Judiaria".

O incidente aconteceu 48 horas antes das eleições legislativas, autárquicas em São Tomé e Príncipe, onde mais de 97 mil eleitores vão ser chamados às urnas para elegerem novos deputados para a Assembleia Nacional (parlamento) e presidentes das seis câmaras distritais.

Jornalista da Agência Lusa

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