Presidente turco acusa Europa de albergar terroristas do PKK
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, rejeitou hoje as críticas sobre as detenções de dirigentes da oposição e de jornalistas, afirmando que a Europa alberga terroristas do grupo armado do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
"A Europa, em conjunto, declarou o PKK terrorista, mas agora abriga terroristas", disse Erdogan, citado pela Efe, num discurso numa universidade que foi retransmitido pela cadeia de televisão CNNTurk.
O presidente destacou que vê "como o PKK pode atuar de forma livre e com tranquilidade na Europa".
Rejeitando as críticas da Europa e do Ocidente às detenções de dirigentes e deputados pró-curdos, que ocorreram na sexta-feira, Erdogan disse não se importar que lhe chamem o "ditador ou qualquer outra coisa", porque lhe "entra por um ouvido e sai pelo outro".
"O que me importa é o que o meu povo me chama", sublinhou.
O presidente disse também que os críticos devem respeitar a independência da justiça turca e recordou que o parlamento levantou a imunidade de deputados em maio passado.
"Eu vou dizer alto e claro: eu não tenho nenhuma preocupação com ataques internacionais. O que me importa é minha nação", afirmou.
Vários países europeus, como a Alemanha e a Áustria, mas também os Estados Unidos, a União Europeia e organizações internacionais criticaram as detenções de dirigentes e deputados da oposição, bem como de jornalistas.
Numa operação simultânea desencadeada em várias províncias, a maioria situadas no sudeste do país, a polícia turca deteve, no total 11, deputados do principal partido pró-curdo. Na quinta-feira, os media locais noticiaram a detenção de Selahattin Demirtas e Figen Yuksekdag, copresidentes do Partido Democrático dos Povos (HDP, esquerda e pró-curdo).
A UE disse na sexta-feira estar "extremamente inquieta" com a detenção de dirigentes e deputados pró-curdos na Turquia, tendo a chefe para a Política Externa e de Defesa da UE, Federica Mogherini, dito estar "já em contacto com as autoridades" turcas.
Demirtas e Yüksekdag têm sido alvo de diferentes investigações nos últimos meses mas esta foi a primeira vez que foram detidos.
O parlamento turco aprovou em maio uma controversa reforma constitucional que implica o levantamento da imunidade aos deputados com processos judiciais.