Presidente Tokayev abandona partido no poder do Cazaquistão

Líder cazaque já tinha defendido um maior afastamento da figura presidencial em relação aos partidos políticos, em março, ao dirigir-se à população depois dos distúrbios de janeiro.
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O presidente do Cazaquistão, Kassim-Yomart Tokayev, abandonou na terça-feira o partido governante Amanat, anteriormente conhecido como Nur Otan e ao qual presidia.

"A partir de hoje [terça-feira], demito-me do partido e deixo a sua presidência", afirmou o chefe de Estado cazaque na abertura do XXIII congresso extraordinário do Amanat, durante o qual propôs para o substituir na liderança do partido o presidente do Majilis, a câmara baixa do parlamento nacional, Erlan Koshanov. A proposta para novo líder do partido foi aprovada por unanimidade.

Tokayev só substituiu a 28 de janeiro deste ano o presidente do partido e chefe de Estado, Nursultan Nazarbayev, que assim lhe cedeu um dos últimos núcleos de poder que ainda controlava na república centro-asiática. Na altura, Tokayev recordou que o papel do chefe de Estado é garantir que todos os poderes respondem perante o povo, pelo que considerou que o Presidente deve "distanciar-se" do partido, situação que instou a que se consagre na Constituição.

"Por isso, dentro de algum tempo, é possível que já em finais deste ano, voltaremos ao assunto da conveniência de eu presidir ao Nur Otan", declarou, no discurso proferido nesse dia.

Um dos artigos estipula que os familiares próximos do Presidente deixarão de poder ocupar altos cargos na administração pública e no setor público empresarial, como aconteceu com familiares de Nazarbayev.

O Presidente cazaque assegurou que "uma das prioridades é a modernização da esfera política" do Estado.

Segundo Tokayev, por vezes, os representantes do aparelho estatal são fonte de flagrantes injustiças, razão pela qual, na sua opinião, se arreigou na sociedade uma permanente desconfiança das instituições do poder.

"Portanto, o partido Amanat enfrenta uma tarefa difícil: corrigir esta situação extremamente desfavorável", frisou.

O projeto de revisão da Constituição pretende também criar "um sistema mais equilibrado de delimitação e contraponto entre os diversos poderes".

"No país, surgirão novos partidos, e os existentes reverão e readequarão as suas atividades às tendências atuais e às exigências dos cidadãos. Afastar-nos-emos definitivamente da forma de Governo superpresidencial e fortaleceremos a autoridade do Parlamento", sustentou o chefe de Estado cazaque.

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