Presidente italiano em silêncio após dia de negociações

O presidente italiano Giorgio Napolitano deu por terminadas por hoje as consultas com os principais partidos políticos para uma saída do impasse político - reuniões que se prolongaram durante todo o dia -, mas a presidência italiana não produziu qualquer anúncio.
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"O presidente está a dar a si próprio um momento de reflexão", explicou um porta-voz da presidência, citado pela AFP, sem precisar se o chefe de Estado irá pronunciar-se no sábado, dia 30.

Giorgio Napolitano passou o dia em consultas para tentar encontrar uma solução para uma equação política difícil entre as exigências da esquerda de Pier Luigi Bersani, da direita de Silvio Berlusconi e dos contestatários dirigidos pelo antigo comediante Beppe Grillo.

O PDL de Silvio Berlusconi e o Movimento 5 Estrelas (M5S) de Grillo fixaram-se nas respetivas posições e daí não se moveram durante os vários encontros que mantiveram com o chefe de Estado ao longo do dia.

As eleições legislativas em Itália no final de fevereiro resultaram num impasse político, com a esquerda liderada por Luigi Bersani a chegar à maioria na Câmara dos Deputados (câmara baixa), mas não no Senado, onde a esquerda, a direita de Berlusconi e o M5S conseguiram resultados aproximados e representações semelhantes (entre um terço e um quarto do eleitorado).

O M5S, que conseguiu atrair o voto de protesto com um programa anti-partidos tradicionais e contra a austeridade, voltou a reclamar ao presidente Napolitano um governo formado exclusivamente com as suas cores e rejeitando qualquer aliança à esquerda ou à direita. Vito Crimi, líder da bancada de representantes do M5S no Senado deixou claro, segundo a AFP, que o movimento "não dará a confiança a um governo de políticos nem de pseudo-políticos, ou de homens políticos disfarçados de técnicos".

Pelo seu lado, após a entrevista com Napolitano, Silvio Berlusconi voltou a propor uma aliança esquerda-direita para o governo do país. "Ainda estamos disponíveis para dar uma hipótese a um governo de coligação", declarou Berlusconi, citado pela AFP.

O problema é que para Bersani, um governo de espetro alargado não é aceitável, não só porque o seu eleitorado nunca o perdoaria como poderia mesmo fazer implodir o seu partido.

Uma opção alternativa seria um apoio indireto de Berlusconi à esquerda com um primeiro voto de confiança no Parlamento ou através de uma abstenção.

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