O presidente da Namíbia, Hage Geingob, mostrou-se desiludido por as pessoas mais ricas do país estarem relutantes em partilhar a sua fortuna com os pobres. Apesar de o governo ter encorajado de uma forma "suave e amigável" os ricos a partilharem com os pobres, através de iniciativas estatais como o New Equitable Economic Empowerment Framework (Neeef), a verdade é que alguns reagiram com hostilidade a estas abordagens.."Penso que estamos a fazer o que é correto, dizendo às pessoas: vamos dar as mãos", disse o presidente, que pretendia que os pobres tivessem acesso a mais terras para cultivar. "Mas as pessoas não querem partilhar a terra nem outros recursos. Mas se não partilharem agora, haverá problemas no futuro", sublinhou..Geingob falou publicamente do seu desapontamento durante a visita do presidente da Tanzânia, John Pombe Magufulli, na segunda-feira. Geingob referiu que estava impressionado com as políticas da Tanzânia em relação aos recursos naturais, incluindo os minerais. E admitiu que talvez a Namíbia pudesse aprender alguma coisa com este país que em 2017 aprovou legislação que permite ao governo renegociar ou mesmo extinguir contratos de exploração de recursos que promovam as desigualdades..O atual Governo iniciou no ano passado uma política de transferência de terras assente no voluntariado dos proprietários, uma iniciativa que teve poucos efeitos. "Estamos todos de acordo: o ritmo atual da reforma agrícola não é satisfatório" pois resulta numa "situação em que o crescimento económico e a prosperidade não são partilhados, e isso não é sustentável", afirmou o chefe de Estado logo em outubro..Hage Geingob já provou, com o seu próprio comportamento, que está empenhado nesta causa: numa viagem oficial a Nova Iorque recusou uma suite de luxo, alegando que o país não é rico; e também proibiu as deslocações de ministros ao estrangeiro se não forem "absolutamente essenciais", de modo a evitar despesas supérfluas para os cofres do Estado..A Namíbia foi uma colónia alemã entre 1884 e 1915, altura em que o 'apartheid' da África do Sul tomou controlo do país, até à sua independência, em 1990. De acordo com a Bloomberg, a Namíbia é um dos países com maior desigualdade económica, sendo que a maioria das empresas pertence a brancos, 6% dos seus 2,5 milhões de habitantes.