Presença da PSP garante votação tranquila de brasileiros em Lisboa
A presença da PSP em frente à Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, na Cidade Universitária, garantiu este domingo um clima mais tranquilo e sem confrontos no início da votação da segunda volta das eleições presidenciais no Brasil.
Ao contrário da primeira volta, no passado dia 7, não foram registados conflitos entre os apoiantes dos candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), nem houve detenções, nas primeiras horas de votação na capital portuguesa.
Pela manhã, apenas um único incidente ocorreu, quando um eleitor de Bolsonaro provocou uma apoiante de Haddad, que trazia consigo um cartaz em apoio à liberdade do ex-presidente Lula da Silva. O desentendimento nas escadas de acesso à Faculdade de Direito foi logo contido pela segurança.
Bem diferente da primeira volta, quando um eleitor de Bolsonaro chegou a ser detido, após declarar-se "fascista" por ser "branco, ter olhos claros e descendência italiana".
Temendo o confronto, alguns brasileiros solicitaram reforço na segurança e a embaixada do Brasil ampliou o número de agentes privados e requisitou a presença constante de uma viatura da PSP em frente ao prédio.
O embaixador do Brasil em Lisboa, José Roberto de Almeida Pinto, acredita que a eleição deve seguir tranquila, no que espera ser um domingo com presença recorde dos votantes. Na primeira volta, cerca de 34% dos brasileiros aptos a votar compareceram às urnas. "Apesar de aparentemente baixo, o índice é maior que o registado em 2014 e 2010, por exemplo", explicou.
Em Lisboa, cerca de 22 mil brasileiros estão inscritos para votarem. Na primeira volta, Bolsonaro saiu vencedor, com cerca de 56% dos votos.
A brasileira Débora Dias presenciou os "horrores" da primeira volta da eleição em Lisboa. Vestida com uma camisa em menção ao candidato do PT, Débora conta que ela, amigos e familiares chegaram a sofrer agressões verbais de grupos de apoiantes do candidato adversários. "Graças à presença das autoridades competentes, a votação agora decorre como deve ser, com liberdade e segurança", disse.
"Armado" com os dedos da mão, no gesto que simboliza os apoiantes de Bolsonaro, o eleitor Luzmar do Espírito Santo aproveitou o dia especial para posar com um grupo de amigos à entrada do local de votação. "É um momento sempre especial e emotivo, ainda mais no que talvez seja a eleição mais importante dos últimos anos", disse.
Tão importante que Lucas Dutra, de 19 anos, nascido em Portugal e filho de pais brasileiros, mesmo sem ser legalmente obrigado, fez questão de votar pela primeira vez. "É uma eleição muito importante, tanto para os meus pais como para os familiares no Brasil e votar mesmo que não fosse minha obrigação, é o meu dever", disse.
Importante também para a vendedora ambulante Edna Campos, que montou uma estrutura para vender doces e salgados típicos do Brasil em frente à Faculdade de Direito. Eleitora de Bolsonaro, Edna não tem certeza da vitória, apesar do candidato dela estar à frente nas sondagens. "Daqui a um bocadinho, vou votar. Por enquanto, só sei que quem está a vencer aqui é o pastel de carne", falou, bem-humorada, sobre os preferidos no seu ponto de venda.
A vantagem de Bolsonaro nas sondagens não desanimam Lucas Dutra e Débora Dias. "Sei que as estatísticas são desfavoráveis, mas estou na expectativa de um resultado positivo", afirmou Lucas, na torcida por ganhar sua primeira eleição. Débora, por sua vez, preocupa-se com o futuro da democracia brasileira. "Votei para que o Brasil siga um país livre e democrático", disse, com visível emoção.
A votação em Lisboa encerra às 17.00 e quem estiver nas zonas de votação receberá uma senha, mas o prédio será encerrado para o acesso de novos eleitores. O resultado das 27 urnas eletrónicas na capital portuguesa será conhecido cerca de duas horas depois e fixado em frente à Faculdade de Direito.