Preocupações com o espólio e edifício do DN "não têm qualquer razão"

Movimento cívico Fórum Cidadania Lx foi hoje ouvido na Assembleia da República. Administração do jornal garante que o espólio continua preservado e na empresa. E recorda que esta associação nunca contactou a empresa sobre o assunto
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Na sequência da audição do Fórum Cidadania Lx esta quarta-feira na Assembleia da República, onde o movimento cívico chamou a atenção dos deputados para necessidade de preservação do edifício e do espólio do Diário de Notícias (DN), que mudou de instalações recentemente, José Carlos Lourenço, administrador da Global Media, grupo a que pertence o nosso jornal, afirma ao DN que "não há qualquer razão fundada" para as preocupações manifestadas.

O Fórum Cidadania Lx foi chamado à Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, depois de ter dado conta do "risco de perda do valioso espólio" e de possíveis alterações ao edifício, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, uma vez que este foi vendido e a redação do DN mudou de instalações, para as Torres de Lisboa - tal como as redações do Jornal de Notícias e do Dinheiro Vivo. "Solicitámos a atenção da comissão para o facto de estar em perigo o edifício e o espólio do Diário de Notícias", disse à Lusa Paulo Ferrero, um dos representantes do movimento cívico.

Lembrando que "em circunstância alguma, em momento algum", o movimento cívico entrou em contacto com o DN para obter resposta relativamente às preocupações manifestadas, José Carlos Lourenço diz, em relação ao espólio do jornal: "O espólio é do Diário de Notícias, continua no Diário de Notícias. Obviamente vai ser preservado como sempre foi. E com uma evolução relativamente ao que tem sido o passado: vamos tentar que uma parte desse espólio - mais de interesse público - possa estar disponível para que as pessoas em geral possam tomar contacto com o espólio. O espólio do Diário de Notícias confunde-se com a história do país e da cidade de Lisboa, por isso faz sentido que tenha mais visibilidade do que teve nas últimas décadas, encerrado nas caves do edifício." Para tal, o grupo tem pedido aconselhamento à Torre do Tombo, fez saber o administrador.

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O edifício do DN, no número 266 da Avenida de Liberdade, projetado pelo arquiteto Pardal Monteiro e inaugurado em 1940, foi classificado como Imóvel de Interesse Público e é Prémio Valmor. O administrador do Global Media Group lembra que "os elementos que mais identificam a passagem do DN pelo edifício permanecerão: a designação 'Diário de Notícias' no topo, os painéis do Almada Negreiros, etc. Além disso, como é classificado o edifício tem muitas limitações em termos de intervenção, a própria lei protege essa preservação."

José Carlos Lourenço considera infundadas, por isso, os receios em relação ao desmembramento ou à perda do espólio do jornal que a 29 de dezembro comemora 152 anos. Receios como aqueles que foram manifestados por Paulo Ferrero: "Não queremos que se nacionalize ou que se exproprie o espólio. Queremos que seja feito um inventário, uma catalogação do espólio." "Se não fizerem nada agora quanto ao espólio do DN, mais vale não fazerem nada, é o fim", advogou ainda um dos representantes do Fórum Cidadania Lx.

O administrador do grupo a que pertence o DN lembra que "o espólio não é passivo, é um ativo" e pergunta: "Como é que alguém tem tanta preocupação com o espólio do DN e nunca perguntou ao DN o que vai fazer com o espólio?"

Além do parlamento, o Fórum Cidadania Lx encaminhou as suas preocupações para o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, a Assembleia Municipal de Lisboa, a Câmara de Lisboa, o Ministério da Cultura e para o gabinete do primeiro-ministro. Porém, o movimento não entrou em contacto com a direção do DN.

"Já apelámos a quem devíamos apelar, às entidades oficiais, se disserem que o espólio é privado e nada se pode fazer, ficamos por aqui, mas tínhamos esperança que fosse feita alguma coisa", referiu Paulo Ferrero.

Num esclarecimento enviado à agência Lusa, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) dá conta de que deu entrada um Pedido de Informação Prévia relativo a este edifício, "apresentado por um promitente-comprador português".

A CML apontou que "o processo está em apreciação nos serviços", e que "existem condicionantes patrimoniais a respeitar, quer arquitetónicas, quer decorativas".

O município informou também que o projeto se refere "à adaptação do edifício terciário a habitacional", tendo obtido "parecer favorável condicionado por parte da DGPC", a Direção Geral do Património Cultural.

"O projeto apresentado mantém a fachada e o letreiro original. O interior é adaptado ao uso habitacional, salvaguardando toda a matéria de valor patrimonial", acrescentou.

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