Pré-publicação do thriller de Bill Clinton e James Patterson

<em>O Presidente Desapareceu</em> é a primeira experiência do ex-presidente dos EUA Bill Clinton. Estreia-se na companhia do rei do <em>thriller</em> James Patterson, numa história à medida do antigo ocupante da Casa Branca.
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1.º capítulo de O Presidente Desapareceu

Por Bill Clinton e James Patterson


A Comissão Especial da Câmara vai iniciar os seus trabalhos...

Os tubarões nadam em círculos e as suas narinas fremem ao cheiro de sangue. Treze, para ser exato, oito do partido da oposição e cinco do meu, tubarões contra os quais tenho andado a preparar defesas com advogados e assessores. Aprendi a duras penas que, por mais preparados que estejamos, poucas defesas funcionam contra predadores. A dado momento, não podemos fazer mais nada para além de saltar e ripostar.

"Não faça isso"», pediu-me uma vez mais a minha chefe de gabinete, Carolyn Brock, como já fez tantas vezes. "Não pode aproximar-se sequer dessa audiência da comissão, senhor Presidente. Tem tudo a perder e nada a ganhar."

"Não pode responder às perguntas deles, senhor Presidente."

"Será o fim da sua presidência."

Observo os treze rostos que se encontram à minha frente, sentados numa longa fila, uma Inquisição espanhola dos tempos modernos. O homem de cabelo grisalho, ao centro, por detrás da placa com o nome Sr.Rhodes, pigarreia.

Lester Rhodes, o presidente da Câmara dos Representantes, não costuma participar em audiências de comissões, mas fez uma exceção relativamente a esta comissão especial, que encheu de membros do Congresso do seu lado da bancada cujo principal objetivo na vida parece ser pôr termo ao meu programa e destruir-me, política e pessoalmente. A selvajaria na busca do poder é mais antiga do que a Bíblia, mas alguns dos meus adversários odeiam-me realmente. Não se limitam a querer fazer-me perder o cargo. Só ficarão satisfeitos se for mandado para a prisão, arrastado e esquartejado, e apagado dos livros de História. Com os diabos, se levassem a sua avante, provavelmente deitariam fogo à minha casa na Carolina do Norte e cuspiriam na campa da minha mulher.

Endireito a haste recurvada do microfone, totalmente esticada, o mais perto de mim possível. Não quero inclinar-me para a frente para falar enquanto os membros da comissão estão sentados, hirtos, nas suas cadeiras de couro de espaldar alto, como reis e rainhas no trono. Inclinar-me para a frente far-me-ia parecer fraco, subserviente - uma mensagem subliminar de que estou à sua mercê.

Estou só na minha cadeira. Sem assessores, sem advogados, sem notas. O povo americano não vai ver-me trocar sussurros abafados com um advogado, com a mão sobre o microfone, retirando-a para testemunhar: "Não me lembro especificamente disso, congressista." Não estou a esconder-me. Não deveria ter de estar aqui e, podem ter a certeza de que não quero estar aqui, mas estou. Sozinho. O presidente dos Estados Unidos, enfrentando uma turba de acusadores.

Ao canto da sala, está sentado o triunvirato dos meus principais assessores, observando: a chefe de gabinete, Carolyn Brock; Danny Akers, o meu amigo mais antigo e chefe do Departamento Jurídico da Casa Branca; e Jenny Brickman, a minha chefe de gabinete adjunta e assessora política principal. Todos eles impávidos, inexpressivos, preocupados. Nenhum deles queria que eu fizesse isto. Foi sua conclusão unânime que estava a cometer o maior erro da minha presidência.

Mas estou cá. Chegou a hora. Veremos se tinham razão.

- Senhor Presidente.

- Senhor presidente da Câmara dos Representantes. - Tecnicamente, neste contexto, deveria chamar-lhe talvez senhor presidente da Comissão, mas há muitas coisas que poderia chamar-lhe e não lhe chamarei.

Isto poderia começar de muitas formas diferentes. Um discurso autolaudatório do presidente disfarçado de pergunta. Algumas perguntas leves destinadas a servir de introdução. Mas já vi vídeos suficientes de Lester Rhodes a interrogar testemunhas antes de ser presidente da Câmara dos Representantes, no tempo em que era um congressista sofrível e fazia parte da Comissão de Supervisão da Câmara, para saber que tem tendência para aberturas fortes, para ir diretamente à jugular, desorientando a testemunha. Sabe - na verdade, desde que, em 1988, Michael Dukakis meteu os pés pelas mãos na primeira pergunta do debate sobre a pena de morte, toda a gente sabe - que se uma pessoa estragar o número de abertura ninguém se lembrará de mais nada.

O presidente da Câmara dos Representantes irá seguir o mesmo plano de ataque com um presidente em exercício?

Claro que sim.

- Presidente Duncan - começa. - Desde quando é que nos dedicamos a proteger terroristas?

- Não o fazemos - respondo, tão rapidamente que quase falo ao mesmo tempo que ele, porque não se pode dar oxigénio a uma pergunta como aquela. - E nunca o faremos. Pelo menos enquanto eu for presidente.

- Tem a certeza disso?

Ele disse mesmo aquilo? O calor invade-me o rosto. Ainda não passou um minuto e já está a irritar-me.

- Senhor presidente - retruco. - Se o disse, é porque é a verdade. Deixemos isso bem claro desde o início. Não nos dedicamos a proteger terroristas.

Ele faz uma pausa depois desse lembrete.

- Bem, senhor Presidente, talvez estejamos a usar as palavras em sentidos diferentes. Considera que os Filhos da Jihad são uma organização terrorista?

- Claro. - Os meus assessores aconselharam-me a não dizer claro; pode parecer pomposo e condescendente caso não seja utilizado no momento certo.

- E esse grupo recebeu apoio da Rússia, não é verdade?

Aceno com a cabeça.

- A Rússia tem dado apoio aos Filhos da Jihad, de vez em quando, sim. Condenámos o apoio que deram aos Filhos da Jihad e a outras organizações terroristas.

- Os Filhos da Jihad levaram a cabo atentados terroristas em três continentes diferentes, não é verdade?

- É um resumo preciso, sim.

- São responsáveis pela morte de milhares de pessoas?

- Sim.

- Incluindo americanos?

- Sim.

- As explosões no Bellwood Arms Hotel, em Bruxelas, que mataram 57 pessoas, incluindo uma delegação de deputados estaduais da Califórnia? A interferência no sistema de controlo do tráfego aéreo na república da Geórgia que provocou a queda de três aviões, um dos quais transportava o embaixador georgiano nos Estados Unidos?

- Sim - afirmo. - Esses dois atentados ocorreram antes de eu ser presidente, mas sim, os Filhos da Jihad reivindicaram a responsabilidade pelos dois incidentes...

- Muito bem, nesse caso falemos sobre desde que é presidente. Não é verdade que, há alguns meses, os Filhos da Jihad foram responsáveis pela intromissão nos sistemas das forças armadas israelitas e a divulgação pública de informações secretas sobre operações clandestinas e movimentos de tropas israelitas?

- Sim - respondo. - É verdade.

- E mais perto de nós, aqui, na América do Norte - prossegue. - Ainda na semana passada. Quarta-feira, 4 de maio. Os Filhos da Jihad não cometeram um novo atentado terrorista quando entraram nos computadores que controlam o sistema do metropolitano de Toronto e o encerraram, provocando um descarrilamento que matou 17 pessoas, feriu mais umas dezenas e deixou milhares retidas na escuridão durante horas?

Tem razão quando afirma que os Filhos da Jihad também foram responsáveis por esse. E a sua contagem das baixas é rigorosa, mas, para os Filhos da Jihad, não se tratou de um ato terrorista.

Foi um ensaio.

- Quatro das pessoas que morreram em Toronto eram americanas, não é verdade?

- É verdade - respondo. - Os Filhos da Jihad não reivindicaram a responsabilidade por esse ato, mas cremos que foram os responsáveis.

Acena com a cabeça, olha para as suas notas.

- O chefe dos Filhos da Jihad, senhor Presidente, é um homem chamado Suliman Cindoruk, não é verdade?

Lá vamos nós.

- Sim, Suliman Cindoruk é o chefe dos Filhos da Jihad - respondo.

- O mais perigoso e prolífico ciberterrorista do mundo, certo?

- Poderia dizê-lo.

- E é um muçulmano nascido na Turquia, não é?

- Nasceu na Turquia, mas não é muçulmano - retruco. - É um extremista nacionalista secular que luta contra a influência do Ocidente na Europa Central e Sudeste. A jihad que ele trava não tem nada que ver com religião.

- É o senhor quem o diz.

- Eu e todas as avaliações realizadas pelos serviços de informações que vi até hoje - digo. - Também as leu, senhor presidente. Se quer transformar isto numa arenga islamofóbica, pode prosseguir, mas isso não vai fazer que o nosso país fique mais seguro.

Consegue esboçar um sorriso forçado.

- De qualquer modo, é o terrorista mais procurado em todo o mundo, não é?

- Queremos capturá-lo - respondo. - Quero capturar qualquer terrorista que tente causar danos ao nosso país.

Faz uma pausa. Está a interrogar-se se deveria perguntar-me de novo: "Tem a certeza disso?" Se o fizer, terei de reunir toda a minha força de vontade para não saltar por cima da mesa dele e apertar-lhe o pescoço.

- Nesse caso, para que fique claro - diz. - Os Estados Unidos querem capturar Suliman Cindoruk.

- Não é necessário esclarecer isso - retruco, secamente. - Nunca houve a menor confusão quanto a isso. Nunca. Há uma década que andamos atrás de Suliman Cindoruk e não descansaremos enquanto não o apanharmos. É suficientemente claro para si?

- Bem, senhor Presidente, com todo o respeito que lhe é devido...

- Não - interrompo-o. - Quando alguém começa uma pergunta dizendo "com todo o respeito que lhe é devido"», isso significa que vai dizer uma coisa que não mostra qualquer respeito. Pode pensar o que quiser, senhor presidente, mas devia mostrar respeito... se não por mim, então por todas as outras pessoas que dedicam as suas vidas a pôr termo ao terrorismo e a manter o nosso país seguro. Não somos perfeitos e nunca o seremos. Mas nunca deixaremos de dar o nosso melhor.

Em seguida, faço um gesto desdenhoso na sua direção:

- Vamos, faça a sua pergunta.

Com o pulso a bater fortemente, inspiro fundo e olho de relance para o meu trio de assessores. Jenny, a minha assessora política, está a assentir com a cabeça; sempre quis que eu fosse mais agressivo com o nosso novo presidente da Câmara dos Representantes. Danny não mostra nada. Carolyn, a minha ponderada chefe de gabinete, está inclinada para a frente, com os cotovelos nos joelhos e as mãos a fazer um triângulo sob o queixo. Se fossem juízes de uma competição olímpica, Jenny dar-me-ia um nove pela explosão, mas Carolyn deixar-me-ia abaixo de cinco.

- Não vou permitir que ponham em causa o meu patriotismo, senhor Presidente - diz o meu adversário grisalho. - O povo americano está muito preocupado com o que aconteceu na Argélia, na semana passada, e ainda nem sequer chegámos a esse ponto. O povo americano tem todo o direito de saber ao lado de quem se encontra o senhor.

- Ao lado de quem me encontro?

- Avanço com um salto, quase fazendo cair da mesa a base do microfone. - Estou ao lado do povo americano, é ao lado dele que estou.

- Senhor Pres...

- Estou ao lado das pessoas que trabalham dia e noite para manter o nosso país seguro. Aquelas que não estão a pensar em questões de ótica ou de onde sopram os ventos políticos. Aquelas que não procuram crédito pelos seus êxitos e não podem defender-se quando são criticadas. É ao lado dessas que estou.

- Presidente Duncan, apoio com todas as forças os homens e as mulheres que lutam todos os dias para manter a nação segura - afirma. - Não é deles que se trata. É de si, senhor Presidente. Não estamos a fazer um jogo. Não tenho nenhum prazer nisto.

Noutras circunstâncias, ter-me-ia rido. Lester Rhodes tem ansiado mais pela audiência da comissão especial do que um aluno da faculdade anseia pelo seu vigésimo primeiro aniversário.

Tudo isto é espetáculo. O presidente Rhodes criou a sua comissão de modo a que só haja um resultado verdadeiro - uma decisão de que o presidente cometeu uma falta suficientemente grave para que a questão seja encaminhada para a Comissão Judicial da Câmara para procedimentos de destituição. Os oito membros do Congresso que se encontram a seu lado pertencem todos a distritos eleitorais seguros, onde as eleições são manipuladas de uma forma tão ridícula que provavelmente poderiam baixar as calças no meio da audiência, começar a chuchar no dedo e não só seriam reeleitos dentro de dois anos, como não teriam adversários a disputar-lhes os cargos.

Os meus assessores tinham razão. Não importa se as provas contra mim são fortes, fracas ou inexistentes. Os dados já estão lançados.

- Faça a sua pergunta - avanço. - Vamos acabar com esta charada.

No canto, Danny Akers estremece, sussurrando algo a Carolyn, que assente em resposta, mas mantém o rosto impenetrável. Danny não gosta do comentário da charada, do meu ataque a estas audiências. Disse-me mais de uma vez que o que fiz parece "mau, muito mau", dando ao Congresso uma razão válida para um inquérito.

Não está errado quanto a isso. Mas acontece que não sabe a história toda. Não tem a habilitação de segurança necessária para saber o que eu sei, o que Carolyn sabe. Se tivesse, teria uma visão diferente. Saberia da existência da ameaça ao nosso país, uma ameaça que não tem paralelo com nenhuma das que já enfrentámos.

Uma ameaça que me levou a fazer coisas de que nunca pensei ser capaz.

- Senhor Presidente, telefonou a Suliman Cindoruk no domingo, 29 de abril, deste ano? Há pouco mais de uma semana? Contactou, ou não, pelo telefone, o terrorista mais procurado do mundo?

- Senhor presidente - declaro. - Como já disse muitas vezes antes, e como o senhor já deveria saber, nem tudo o que fazemos para manter seguro o nosso país pode ser revelado publicamente. O povo americano compreende que manter a nação segura e conduzir os negócios estrangeiros envolve muitas peças móveis, muitas transações complexas e algumas das coisas que fazemos na minha administração têm de permanecer secretas. Não porque queiramos mantê-las secretas, mas porque temos de o fazer. É para isso que existe o privilégio do poder executivo.

Rhodes contestaria provavelmente a aplicabilidade do privilégio do poder executivo a material secreto, mas Danny Ackers, o meu advogado da Casa Branca, diz que sairei vencedor dessa luta, porque estamos a lidar com a minha autoridade constitucional nos negócios estrangeiros.

De qualquer modo, sinto um nó no estômago ao dizer essas palavras.

Mas Danny disse que, se não invocar o privilégio, poderia estar a renunciar a ele. E, se renunciar a ele, terei de responder à pergunta sobre se telefonei para Suliman Cindoruk, o terrorista mais procurado do planeta, há dois domingos. E essa é uma pergunta a que não responderei.

- Bem, senhor Presidente, não estou certo de que o povo americano considerasse essa uma grande resposta.

Bem, senhor presidente da Câmara dos Representantes, não estou certo de que o povo americano o considerasse um grande presidente, também, mas, por outro lado, o povo americano não o elegeu para o cargo que desempenha, pois não? Recebeu 80 mil miseráveis votos no terceiro círculo eleitoral do Congresso em Indiana. Eu recebi 64 milhões de votos. Mas os seus compinchas, no seu partido, nomearam-no seu líder porque angariou tanto dinheiro para eles e lhes prometeu que iria dependurar a minha cabeça na parede.

Isso talvez não ficasse tão bem em televisão.

- Então, não nega que telefonou a Suliman Cindoruk, a 29 de abril... é correto?

- Já respondi à sua pergunta.

- Não, senhor Presidente, não respondeu. Sabe que o jornal francês Le Monde publicou umas gravações telefónicas, juntamente com afirmações de uma fonte anónima, que indiciam que telefonou a Suliman Cindoruk e falou com ele, no domingo 29 de abril deste ano? Sabe isso?

- Li o artigo - respondo.

- Nega os factos?

- Dou-lhe a mesma resposta que já dei. Não vou discutir essa questão. Não vou entrar num jogo de fiz ou não fiz esse telefonema. Não confirmo, nem desminto, ou discuto sequer atos que realizo para manter seguro o nosso país. Não o faço quando me é exigido, tendo em vista a segurança nacional, que os mantenha secretos.

- Bem, senhor Presidente, se um dos maiores jornais da Europa está a publicá-lo, não tenho a certeza de que ainda haja grande segredo.

- A minha resposta é a mesma - afirmo. Meu Deus, pareço um idiota. Pior, pareço um advogado.

- Le Monde noticia: - levanta um papel - "O Presidente dos Estados Unidos Jonathan Duncan organizou e participou num telefonema com Suliman Cindoruk, líder dos Filhos da Jihad e um dos terroristas mais procurados do mundo, pretendendo encontrar um entendimento entre a organização terrorista e o Ocidente." Nega isto, senhor Presidente?

Não posso responder e ele sabe-o. Anda a brincar comigo como um gatinho com um novelo de lã.

- Já lhe dei a minha resposta. Não vou repetir-me.

- A Casa Branca nunca comentou a notícia do Le Monde, nem para um lado nem para o outro.

- É verdade.

- Mas Suliman fê-lo, não foi? Distribuiu um vídeo dizendo: "O presidente pode pedir toda a misericórdia que quiser. Os americanos não receberão qualquer misericórdia da minha parte." Não foi isso o que ele disse?

- Foi o que ele disse.

- Em resposta, a Casa Branca fez uma declaração, dizendo: "Os Estados Unidos não responderão às arengas insultuosas de um terrorista."

- É verdade - afirmo. - Não o faremos.

- Pediu-lhe misericórdia, senhor Presidente?

A minha assessora política, Jenny Brickman, está praticamente a arrepelar os cabelos. Também não tem habilitação de segurança e, por isso, não sabe a história toda, mas a sua principal preocupação é que quer que eu seja visto como um lutador na audiência. "Se não for capaz de ripostar", disse-me, "então, não vá. Vai ser apenas a pinhata política deles."

E tem razão. Neste momento, é a vez de Lester Rhodes usar a venda e bater-me com um pau, esperando que um monte de informações secretas e erros políticos jorre do meu torso.

- Está a abanar a cabeça dizendo que não, senhor Presidente. Para que fique esclarecido: está a negar que pediu a Suliman Cindoruk que tivesse mise...

- Os Estados Unidos nunca pedirão nada a ninguém - declaro.

- Muito bem, então, desmente a afirmação de Suliman Cindoruk de que pediu...

- Os Estados Unidos - repito - nunca pedirão nada a ninguém. Ficou claro, senhor presidente? Quer que repita?

- Bem, se não lhe pediu...

- A pergunta seguinte.

- Solicitou-lhe, gentilmente, que não nos atacasse?

- A pergunta seguinte - insisto.

Para, olhando para as suas notas.

- O meu tempo está a terminar - afirma. - Tenho apenas mais algumas perguntas.

Já lá vai um - ou quase - mas ainda faltam mais 12 inquiridores, todos equipados com as suas novas piadas curtas, sarcasmos e rasteiras.

O presidente da Câmara dos Representantes é tão conhecido pelas suas perguntas finais como pelas suas aberturas. De qualquer modo, já sei o que vai dizer e ele já sabe que não poderei responder.

- Senhor Presidente - diz -, falemos de terça-feira, 1 de maio. Na Argélia.

Há pouco mais de uma semana.

- Na terça-feira, 1 de maio, um grupo de separatistas pró-ucranianos que se opõem à Rússia atacou uma quinta na Argélia Setentrional onde se julgava que Suliman Cindoruk se encontraria escondido. E, de facto, estava lá escondido. Tinham localizado Cindoruk e avançaram para a quinta com a intenção de o matar. Mas foram impedidos, senhor Presidente, por uma equipa de operacionais das Forças Especiais dos Estados Unidos e da CIA. E Suliman Cindoruk fugiu enquanto isso se passava.

Fico perfeitamente imóvel.

- Ordenou o contra-ataque, senhor Presidente? - pergunta. - E, se assim foi, porquê? Porque é que um presidente americano mandaria forças dos Estados Unidos salvar a vida de um terrorista?

O Presidente Desapareceu

Bill Clinton e James Patterson

Porto Editora

464 páginas

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