Praias, pontes e até um furacão: as polémicas de Chris Christie
Praia fechada para todos ou talvez não
Chris Christie voltou a ser notícia no início do mês por causa de uma ida à praia em família. À primeira vista esta história não tem nada de polémico, mas a coisa ganha outros contornos se começarmos pelo facto de o governador de Nova Jérsia ter ordenado uma paralisação (shutdown) do governo que levou ao encerramento de todos os parques e praias estaduais antes do feriado do 4 de Julho. O problema é que Christie usou um helicóptero da polícia para ir com a família a uma dessas praias fechadas ao público e foi apanhado por um fotógrafo. Primeiro, Christie negou que tal tivesse acontecido, mas perante a existência de fotos, uns dias mais tarde, Christie voltou a dizer que estava apenas a cumprir os seus anunciados planos de férias.
As faixas fechadas da Ponte George Washington
O caso remonta a 2013, quando várias faixas na zona das portagens da Ponte George Washington, que liga Manhattan a Fort Lee (Nova Jérsia), foram encerradas durante a hora de ponta. A ordem foi dada por membros da equipa de Chris Christie e tinha como objetivo causar engarrafamentos em Fort Lee. No final de março deste ano, dois antigos colaboradores de Christie foram condenados a penas de prisão efetiva pela sua participação no Bridgegate, o nome como ficou conhecido este escândalo. Ficou provado que os engarrafamentos causados pelo encerramento das faixas tinham como objetivo prejudicar o presidente da Câmara de Fort Lee, um democrata, pela sua recusa em apoiar a recandidatura de Christie a governador. Christie sempre negou estar envolvido no caso e nunca foi acusado pela Justiça, mas o escândalo manchou a sua reputação a nível nacional e contribuiu para sua queda de popularidade em Nova Jérsia.
Custos inflacionados fictícios para cancelar projeto
O Bridgegate não foi o primeiro problema de trânsito de Christie. O projeto ferroviário ARC tinha como objetivo conseguir transportar mais passageiros entre Nova Jérsia e Manhattan, para evitar os congestionamentos de trânsito viário. Com um custo estimado de 8,7 mil milhões de dólares, a sua construção começou em meados de 2009 e estava previsto que terminasse em 2018. Mas, em outubro de 2010, Chris Christie cancelou a obra, alegando que os seus custos estavam a derrapar e que o seu estado não os conseguia cobrir. Mas a verdade é que, nos dois anos anteriores ao cancelamento ordenado pelo governador, a estimativa de gastos tinha-se mantido inalterada, segundo dados oficiais. O governo federal pediu então a devolução dos subsídios que Nova Jérsia tinha recebido para esta obra, o que Christie recusou. O assunto ainda está a ser resolvido por via legal.
O aperto de mão que mexeu nas presidenciais de 2012
O furacão Sandy, que assolou a zona este dos EUA, teve um grande impacto na campanha para as presidenciais de 2012, entre o democrata Barack Obama e o republicano Mitt Romney. E um dos empurrões para a reeleição de Obama foi dado por Chris Christie, ironicamente o mais agressivo apoiante de Romney. A 31 de outubro de 2012, Christie tinha planeado participar numa ação de campanha de Romney, mas cancelou-a para receber Obama, que ia visitar os estragos provocados pelo Sandy em Nova Jérsia. E o que se seguiu é história: Obama elogiou Christie, que retribuiu na mesma moeda. A imagem e os elogios foram notícia nacional, deixando a equipa de Romney e os republicanos em fúria. "Não vou pedir desculpas por fazer o meu trabalho", disse dias depois num encontro do partido.
O misterioso destino dos fundos do furacão Sandy
Em 2014, dois anos após o furacão Sandy, foi notícia que quase um terço dos fundos federais destinados às vítimas desta catástrofe natural foram para áreas de Nova Jérsia menos afetadas. No mesmo ano, Chris Christie foi acusado pela presidente da Câmara de Hoboken, uma democrata, de reter fundos de ajuda para a sua cidade até ela aprovar um projeto imobiliário do Rockefeller Group. A acusação foi investigada pelo FBI, mas as suas conclusões ainda não são conhecidas.
O malsucedido apoio a Donald Trump
Chegou a ser dado como um dos favoritos à nomeação republicana para a corrida à Casa Branca, mas em fevereiro de 2016 desistiu da corrida, dando o seu apoio a Donald Trump. Chegou a ser dado como um potencial vice-presidente dos EUA, mas perdeu o lugar para Mike Pence, tendo Christie admitido que o Bridgegate tinha influenciado esta decisão. Foi nomeado líder da equipa de transição de Trump, mas acabou por ser afastado do cargo por causa do julgamento de seus antigos colaboradores no processo Bridgegate. Foi também falado como possível integrante do governo de Trump, mas afirmou que preferia cumprir o seu mandato de governador até ao fim. No entanto, surgiram notícias de que Christie queria ser procurador-geral e que esse cargo não lhe foi oferecido.