Durou só sete anos a entrega da defesa da Suécia a voluntários. A partir do próximo ano, o serviço militar obrigatório volta a ser instituído no país escandinavo. A explicação principal para o voltar atrás tem que ver com a falta de gente vocacionada para ser tropa a troco de um salário. Mas também é preciso ter em conta a tensão crescente no Báltico, com a Rússia a ser pressentida como uma ameaça..A situação da Suécia é complicada. Apesar de ser membro da União Europeia, o país não faz parte da NATO, mantendo-se fiel à tradição de neutralidade. Isso significa que teve de se habituar a contar consigo própria para a defesa e a verdade é que até ao fim da Guerra Fria, há 25 anos, gastava 2,5% do PIB em armamento. Agora é pouco mais de 1%, o que se refletiu na impreparação das forças armadas em alguns incidentes com os russos, como quando em 2013 estes se aproximaram com bombardeiros para uma simulação de ataque..É significativo que o regresso do serviço militar tenha recebido apoio geral da classe política. Significa que os mínimos não estavam a ser cumpridos. E não existe necessidade apenas de alterar a forma de recrutamento. Os suecos precisam também de modernizar os meios materiais. Até 2020, o orçamento militar irá crescer 5% por ano..Para os suecos, a atitude da Rússia não tem sequer de ser confundida com o regresso da Guerra Fria. Houve tempos em que a coroa sueca era forte competidora dos czares pelo controlo do Báltico. E também houve tempos em que a Suécia, enfraquecida, teve de ceder territórios ao Império Russo, como a Finlândia no início do século XIX..Mesmo que um conflito com a Rússia seja hipótese remota, o caso sueco serve de reflexão, até fora do Báltico. Nenhum país está seguro se descurar a sua defesa, nenhum país pode deixar de reagir se o voluntariado nas forças armadas se tornar insuficiente. Que a Suécia seja um país neutral por vocação só reforça esta afirmação. Basta olhar para o mais famoso dos países neutrais, a Suíça, para se perceber que talvez só tenha sido capaz de manter esse estatuto nas duas guerras mundiais exatamente porque possui um poderoso exército.