Portugueses cortam na compra de bens duradouros

Economia estagna em 2008. Queda das vendas da indústria e construção explicam recessão. <br />
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A economia estagnou em 2008 e Portugal entrou em recessão nos dois últimos meses do ano passado. Pelo sétimo ano consecutivo, Portugal cresce abaixo da média da zona euro, o que significa que os portugueses estão a perder em nível de vida face aos europeus.

E, em tempo de crise, há indícios de cortes nos gastos. Em 2008, as compras das famílias em bens alimentares aumentaram 1,7%, mas colocaram o lápis vermelho nas compras de bens duradouros, como carros ou electrodomésticos. É que, neste tipo de produtos, os portugueses, em 2008, gastaram menos 0,1% do que em 2007.

"A quebra não foi tão acentuada quanto tinha sido inicialmente indicado. Mas estamos de facto perante um cenário de recessão da economia portuguesa, que para todos nós é um desafio", afirmou ontem Teixeira dos Santos, ao destacar a revisão em alta da queda da economia no último trimestre do ano. Em Fevereiro, o INE tinha referenciado uma quebra de 2,1%, ontem "emendado" para um recuo de 1,8%.

O Estado já começou a gastar dinheiro, numa tentativa de dinamizar a procura interna. Aumentou as despesas (em consumo) em 0,5% em relação a 2007. Mas a degradação da economia é explicado pelo fraco desempenho do investimento e das exportações. Ao longo do ano passado, as vendas do País foram desacelerando, à medida que os principais clientes - Espanha, Alemanha e França - entravam em crise. Assim, em 2008, as exportações, incluindo serviços, caíram 0,5% em relação a 2007. A indústria foi a principal vítima da crise internacional. É que as exportações de mercadorias recuaram 1,5%.

O cenário de agravamento da crise pode estar em marcha. Nos últimos três meses do ano passado, as exportações entraram em "depressão": caíram 8,9% (em relação ao mesmo período de 2007), arrastadas por uma queda de 11,6% nas vendas de mercadorias.

A agravar o desempenho da procura interna em 2008, está o investimento. Após ter crescido 3,2% em 2007, caiu 0,1% no ano passado. As despesas em máquinas subiram 4,9%, mas foi a construção, ao recuar 5,8%, que levou o investimento para o vermelho.

Por sectores da actividade, a estagnação da economia em 2008 é explicada pela redução de 2,4% na criação de riqueza (PIB) na indústria, batida pela contracção das vendas para o mercado externo (exportações) e para o mercado interno, com as famílias a recuarem na compra de bens duradouros. Também a construção funcionou como um travão à economia, ao "empobrecer" 5,1%, o pior desempenho desde 2003, ano de recessão.

Pelo contrário, a alavancar a economia esteve o sector dos serviços. Os rendimentos gerados (PIB) nas actividades financeiras e imobiliárias aumentaram 2,6% em relação a 2007. A produção final do comércio e restauração aumentou 0,8%.|

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