Português que revolucionou estudo da divisão celular homenageado no Porto

O Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) da Universidade do Porto vai homenagear o investigador Miguel Mota, pelo trabalho visionário desenvolvido na década de 50 do século XX, que gerou uma hipótese científica só comprovada três décadas depois.
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Miguel Mota, actualmente com 83 anos, defendeu, num trabalho apresentado na década de 50, que os cinetócoros, uma estrutura dos cromossomas, eram muito importantes no processo de divisão celular.

Segundo o investigador português, os cinetócoros seriam uma espécie de motor na anáfase, ao moverem os cromossomas para os pólos, permitindo a divisão celular.

A homenagem a Miguel Mota terá lugar durante um seminário, que se realiza segunda e terça-feira, com a presença de alguns dos maiores investigadores mundiais na área da divisão celular, entre os quais Ted Salmon, da Universidade da Carolina do Norte, e Rebecca Heald, investigadora na Universidade de Berkeley e editora da revista Journal of Cell Biology.

Nesta reunião científica estará também presente Gary Gorbsky, da Oklahoma Medical Research Foundation, que comprovou experimentalmente, em 1987, a teoria apresentada em 1957 pelo investigador português.

Hélder Maiato, do IBMC, salientou a importância desta homenagem, frisando que "ainda não tinha sido reconhecida, até agora, a hipótese revolucionária" defendida por Miguel Mota.

"Um investigador português, nos anos 50, sem recurso às tecnologias que hoje são comuns nos laboratórios, avançou com uma hipótese que revolucionou a compreensão dos mecanismos da divisão celular", frisou Hélder Maiato, principal organizador da homenagem.    

Miguel Eugénio Galvão de Melo e Mota nasceu em Lisboa, a 15 de Outubro de 1922, tendo assumido em 1948 a direcção do Laboratório de Citogenética da Estação de Melhoramento de Plantas, em Elvas, logo depois de ter concluído o curso no Instituto Superior de Agronomia.

Em 1957 apresentou o trabalho que viria a revolucionar o estudo sobre divisão celular, tendo-se mantido ao longo do seu percurso académico sempre ligado à investigação na área da genética, até se aposentar em 1992.

Miguel Mota trabalho nas mais prestigiadas instituições de investigação em países como a Suécia, a Grã-Bretanha e os EUA, tendo escrito mais de um milhar de artigos científicos, que foram publicados em dezenas de jornais e revistas.

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