Bomba de Danilo não chegou em noite de muito desperdício
Mais um arranque em falso, em casa, da seleção nacional, que depois de ter empatado com a Ucrânia (0-0), esta segunda-feira voltou a permitir uma igualdade (1-1) diante da Sérvia. Ainda não há razão para fazer soar os alarmes porque a qualificação para o Euro 2020 está no início, mas a verdade é que para já as contas do Grupo B não são animadoras, com a equipa das quinas na terceira posição, atrás da Ucrânia (4 pontos) e do Luxemburgo (3).
Portugal pode queixar-se do árbitro - existiu pelo menos uma grande penalidade que não foi assinalada por mão na bola de Rukavina -, mas tem sobretudo de fazer mea culpa pelas falhas na finalização. A seleção terminou o jogo com 28 remates (contra 10 dos sérvios) e só conseguiu marcar um golo numa bomba de Danilo. Muito pouco para quem chega a esta fase de qualificação como detentor do título europeu.
Depois do arranque em falso nesta fase de apuramento, com um empate sem golos diante da Ucrânia, Fernando Santos procedeu a três alterações relativamente ao jogo de sexta-feira: colocou de início Danilo, Rafa Silva e Dyego Sousa e prescindiu de Rúben Neves, João Moutinho e André Silva. Ou seja, o selecionador só não mexeu na baliza e na defesa. Manteve o 4X4X2, com Rafa à esquerda, Bernardo Silva à direita e Ronaldo e Dyego Sousa no ataque.
Na seleção da Sérvia, que fez esta segunda-feira o primeiro jogo deste apuramento, saltou à vista a ausência de Jovic, avançado do Eintracht Frankfurt contratualmente ligado ao Benfica que na última quarta-feira, num particular com a Alemanha, marcou o golo do empate (além disso tem 15 golos apontados esta época na Bundesliga). O selecionador sérvio optou por apostar em Mitrovic, avançado do Fulham, e colocou também no onze Tadic, jogador do Ajax e uma das estrelas desta seleção.
William Carvalho teve uma grande oportunidade logo aos quatro minutos, quando isolado atirou ao lado. Três minutos depois, a Sérvia gelava a Luz, com um golo de penálti a castigar uma falta de Rui Patrício sobre Glacinovic. Em desvantagem, Portugal tentou várias vezes a sorte de longe, e o guarda-redes Dmitrovic negou o golo à seleção portuguesa em duas ocasiões. Primeiro a Ronaldo, aos 9', e depois a Rafa Silva, aos 15'.
Só que esta Sérvia não é uma seleção qualquer. Tem jogadores dotados e tem especialmente Tadic, o craque do Ajax que foi o grande herói na eliminação do Real Madrid. E foi quase sempre dos pés do sérvio que saíram os lances mais perigosos, sobretudo em jogadas de contra-ataque. Portugal tremeu várias vezes e, aos 31', Fernando Santos viu-se privado de Cristiano Ronaldo, que se lesionou a fazer um sprint e foi substituído por Pizzi. A seleção manteve o 4X4X2, mas Bernardo Silva deixou a ala para se posicionar no meio, ficando com mais liberdade de movimentos.
O intervalo aproximava-se e aos 42 minutos aconteceu o momento do jogo. Danilo recebeu a bola na zona central, procurou o melhor momento para rematar e atirou uma bomba que só parou dentro da baliza de Dmitrovic. Um golaço que Portugal fez por merecer, apesar de a Sérvia ter criado sempre muito perigo quando se aproximava da baliza de Rui Patrício.
A segunda parte começou com Portugal a mostrar os mesmos problemas na finalização. E aos 58', Fernando Santos mexeu na equipa, lançando André Silva para o lugar do voluntarioso mas pouco eficaz Dyego Sousa, o luso-brasileiro do Sp. Braga que se estreou frente à Ucrânia e que esta segunda-feira foi titular.
Portugal tomou conta do jogo e instalou-se praticamente no meio-campo dos sérvios, que jogavam com as linhas muito juntas e dificultavam a ação dos jogadores mais criativos, casos de Bernardo Silva e Rafa. Fernando Santos estava impaciente no banco, gesticulando muitas vezes para o relvado para tentar retificar posições. Portugal fazia quase tudo bem, mas depois faltava melhor definição na área, o grande pecado no jogo da seleção. E por isso viu-se várias vezes Danilo a tentar a sua sorte de fora da área.
Aos 74', uma decisão polémica. O árbitro marcou grande penalidade a favor de Portugal, por mão na bola de Rukavina num cabeceamento de André Silva. Mas depois de consultar o assistente mudou a decisão. Um erro que mais tarde, segundo disse Santos na flash-interview, o juiz admitiu ao selecionador português, pedindo inclusivamente desculpa pelo lapso.
Portugal pressionou, pressionou, mas ora por falta de pontaria, ora por azar, a bola não entrou nas redes sérvias. O apito final chegou e os números dizem muito do que se passou em campo: a seleção nacional fez 28 remates à baliza dos sérvios (seis deles enquadrados), e só conseguiu marcar numa bomba de Danilo. Além do volume de remates, Portugal terminou o jogo com 70% de posse de bola. Mas de nada valeu para evitar mais uma igualdade.
A última vez que Portugal perdeu pontos nos dois primeiros jogos de uma qualificação para um Campeonato da Europa foi na fase de apuramento para o Euro2012 - empatou a quatro golos com o Chipre em Guimarães e perdeu fora com a Noruega. Acabou por se apurar através do play-off (eliminou a Bósnia) e depois chegou às meias-finais do Europeu organizado em conjunto pela Polónia e Ucrânia.
Não foi uma exibição de encher o olho, daquelas que faz Pep Guardiola, no Manchester City, dizer que é Bernardo e mais dez. Mas o médio português foi sempre o jogador mais inconformado, comandando as operações depois de Cristiano Ronaldo sair lesionado aos 31', altura em que teve mais liberdade de movimentos. Apareceu várias vezes com perigo na área a tentar servir os colegas, mas mesmo assim não conseguiu evitar o empate. Sem o capitão Ronaldo, não há duvida que é ele a grande figura desta seleção, um jogador que corre quilómetros e aparece em todo o lado.
Estádio da Luz, em Lisboa.
Portugal - Sérvia, 1-1.
Ao intervalo: 1-1.
Marcadores: 0-1, Tadic, 7 minutos (grande penalidade); 1-1, Danilo, 42.
Portugal: Rui Patrício, João Cancelo, Pepe, Rúben Dias, Raphaël Guerreiro, Danilo, William Carvalho, Rafa (Gonçalo Guedes, 84), Bernardo Silva, Cristiano Ronaldo (Pizzi, 30) e Dyego Sousa (André Silva, 57).
Treinador: Fernando Santos.
Sérvia: Dmitrovic, Rukavina, Spajic, Milenkovic, Mladenovic, Maksimovic, Gacinovic (Radonjic, 21), Lazovic (Zivkovic, 69), Tadic, Ljajic (Milinkovic-Savic, 87) e Aleksandar Mitrovic.
Treinador: Mladen Krstajic.
Árbitro: Szymon Marciniak (Polónia).
Ação disciplinar: Cartão amarelo para Pepe (45+2), Mladenovic (77), Spajic (79) e Tadic (86).
Assistência: 50.342 espetadores.