Portugal perde os três primeiros jogos do torneio de sevens de Wellington
A abrir a sua presença no espetacular Westpac Stadium, em Wellington, os Lobos mostraram-se alegres, desinibidos e de cabeça limpa, enfrentando fijianos com as suas habituais características: imprevisíveis, poderosos e malabaristas, mas que também se engajam pouco defensivamente quando não estão para aí virados. E com todos estes condimentos estavam reunidas as condições para um bom cacharolete de ensaios.
E numa 1.ª parte taco-a-taco, as equipas ao intervalo empatavam a 12 pontos, depois de Portugal marcar dois fantásticos ensaios por Carl Murray e Adérito Esteves, ambos possantes a perfurar a defesa do Pacífico Sul, entrando pelo eixo e levando tudo à sua frente ao bom estilo...fijiano.
Já os derradeiros 7 minutos foram, como se esperaria, mais duros para as cores nacionais, com os segundos classificados do circuito mundial a marcarem três ensaios de rajada tirando partido de falhas defensivas nacionais, alargando num ápice para 31-12. Mas seria Portugal a ter a última palavra, com novo ensaio espetacular de Adérito (o seu 81.º da carreira!) que selava os finais 31-17, numa estreia portuguesa bem positiva pois na maior parte do tempo pôde enfrentar, olhos-nos-olhos, os mais afamados e mágicos praticantes desta variante - e a quem nunca vencemos em 28 encontros!
Seguiu-se a Austrália, 4.ª colocada na classificação geral e a cumprir uma temporada notável, que não deu qualquer hipótese aos Lobos de poderem sequer tentar equilibrar a partida, terminando com um "score" de 5-0 em ensaios.
Roubando a possibilidade dos jogadores portugueses circularem a oval, os rápidos wallabies, onde pontificaram Cameron Clarke (presente no "sete ideal" da época passada) e o fantástico Pama Fou, estiveram sempre por cima e muito à-vontade concluindo a função com um fácil triunfo por 29-0.
Para finalizar e com as contas já definidas (Fiji e Austrália seguiam para a Cup), Portugal defrontou o País de Gales para discutir a 3.ª posição no grupo C e tentar assim um melhor emparelhamento nos "quartos" da Bowl.
Mas no derradeiro jogo - este sim previsivelmente ao nosso alcance - também aqui o sete nacional não correspondeu ao desejado. Logo no primeiro minuto e na sequência de uma recuperação de bola no pontapé de saída - não há meio de Portugal resolver de vez esta pecha que nos tem valido tantos dissabores! - os galeses marcaram após belo gesto técnico (5-0). Dominando por completo a posse de bola e encurralando os Lobos na sua área de 22, Gales depressa chegou a 15-0, vantagem consubstanciada através da hegemónica circulação da oval: 21-1 em passes perto do intervalo e ajudada pelas 5 placagens falhadas pelos portugueses!
Mas à beira do descanso Bernardo Seara Cardoso (que rendera o lesionado Vasco Fragoso Mendes) roubou uma bola que chegaria por fim a Adérito Esteves ainda no nosso meio-campo. Larga passada aberta, adversários ultrapassados como folhas de papel... e 15-7 ao intervalo.
No 2.º tempo a equipa entrou melhor e parecia que os Lobos iam recuperar, mas foi sol de pouca dura. A meio do último período Pedro Leal estragou uma bela escapada em slalom pela defesa contrária com um pontapé sem nexo (faltou apoio...) e poucos segundos depois, num arrepiante contra-ataque, Will Harries fazia o 4.º ensaio de Gales e arrumava as contas em definitivo (20-7).
A seleção nacional teria ainda uma derradeira palavra, com um ensaio final de Seara Cardoso - entrou muito bem no jogo o jovem jogador do Belenenses! - excelente técnica a captar uma bola difícil e depois com uma troca de pés fantástica a reduzir para os finais 20-12. E nem jogando ainda um minuto e meio com um homem a mais por amarelo a um adversário Portugal conseguiria aproximar-se do resultado.
Os Lobos vão agora defrontar o Canadá, nos quartos-de-final da Bowl, a partir das 00.03 de amanhã, com transmissão em direto na Sport TV. Caso vençam, disputarão a meia-final da Bowl (às 03.02) com o vencedor do Argentina-Japão. Já se perderem passarão para as "meias" da Shield, defrontando (pelas 02.18) a equipa derrotada do mesmo encontro.