Portugal foi um dos países a não enviar à Agência Europeia do Ambiente dados sobre ruído, forma de poluição relacionada com 10 mil mortes prematuras por ano, na Europa, e que preocupa os responsáveis da entidade.."Portugal reportou um elevado nível de ruído em 2007, mas, infelizmente, não transmitiu qualquer informação para 2012, e [do país] dizem não ter os recursos para fazer as medições", disse à agência Lusa Colin Nugent, do departamento que acompanha esta matéria, na Agência Europeia do Ambiente (EEA na sigla em inglês), falando a propósito do relatório "O Ambiente na Europa -- Estado e Perspetivas 2015", elaborado por aquela entidade e hoje divulgado..Dados da EEA apontam para cerca de 20 milhões de europeus incomodados com o ruído ambiental, mas serão 125 milhões, ou seja, um em cada quatro, os europeus afetados pelo barulho vindo tráfego automóvel, em níveis superiores ao limite máximo estipulado..O ruído elevado tem vários efeitos na saúde, como hipertensão e doenças cardiovasculares, levando a cerca de 10 mil mortes prematuras e a 43 mil hospitalizações por ano, na Europa, segundo a EEA..O sono de oito milhões de europeus é perturbado pelo ruído, um dos efeitos listados por Colin Nugent que salientou igualmente o aumento dos níveis de stress ou redução da capacidade de aprendizagem de alunos de escolas situadas perto de aeroportos..Grande parte do ruído ambiental tem origem nos veículos e, embora o nível de barulho não seja muito elevado, afeta muitas pessoas, tanto nas cidades, como fora dos grandes centros urbanos, enquanto, por exemplo, o barulho dos aviões é mais intenso, mas menos abrangente.."As maiores preocupações dos especialistas da EEA no ruído são principalmente com o tráfego, mas nas cidades também há que ter em conta as indústrias", referiu o especialista..Aliás, "nas cidades há mais probabilidade de exposição a altos níveis de barulho", resumiu, recordando que as vias férreas também originam ruído..A falta de boas noites de sono devido ao ruído leva a uma quebra na capacidade de funcionamento do organismo, o que pode ser a causa para acidentes rodoviários ou laborais, uma relação difícil de provar e que na está contabilizada..Para ultrapassar este problema, no futuro, Colin Nugent defendeu que "o melhor é ir diretamente à fonte do ruído, ou seja, tornar os veículos mais silenciosos, ou as ruas, por exemplo, caso em que a UE pode fazer mais que cada país"..A instalação de barreiras nas estradas é uma solução dispendiosa tal como a opção por pneus mais silenciosos e "até serem obrigadas, as pessoas não irão procurar" esta alternativa..O relatório defende que "esforços adicionais para diminuir significativamente a poluição sonora na Europa até 2020 exigem uma política de ruído atualizada, alinhada com os mais recentes conhecimentos científicos, melhorias no desenho das cidades e medidas para reduzir o ruído na origem"..Os países europeus não são obrigados a fornecer informação à EEA e é tarefa da Comissão Europeia averiguar o cumprimento das regras..Colin Nugent avançou que o argumento de Portugal para a ausência de dados foi a falta de verba para realizar a monitorização, mas alertou que "é provavelmente menos caro fazer a avaliação do ruído do que pagar as multas a Bruxelas"..A Lusa pediu um comentário à Agência Portuguesa do Ambiente sobre este assunto, mas ainda não obteve resposta.