Portugal na UE. Dos melhores em óbitos, dos piores em infetados
É o efeito da vacinação. Não trava a propagação da infeção - agora com níveis em Portugal nunca antes vistos - mas tem uma influência decisiva a diminuir a letalidade da pandemia covid-19, conjuntamente com as características da nova variante Ómicron
Dados consultados pelo DN na base de dados Our World In Data revelam que, no que toca à mortalidade da doença, Portugal é o quarto país menos letal da UE. Em melhor situação estão apenas - com números per capita - os Países Baixos, a Irlanda e a Suécia (o país da UE onde atualmente menos se morre de covid).
No top cinco dos países da UE mais mortais estão, em 1.º lugar, a Bulgária, seguindo-se, por esta ordem, a Croácia, a Polónia a Hungria e a Eslováquia.
Mas se a posição portuguesa na UE, no que toca à mortalidade, é positiva, já quanto ao número de novos infetados dia passa-se o contrário. Portugal é o quinto país com mais novas infeções por dia. A tabela é liderada pelo Chipre, seguindo-se a França, a Dinamarca e a Grécia.
A Roménia é, na UE 27, o país com menos novos infetados por dia, seguindo-se a Polónia, Hungria, Alemanha e Eslováquia.
Quanto a Portugal, e comparando-se com a situação há um ano, o que se verifica é simples: o número de novas mortes por dia é bastante inferior (90 em 5 de janeiro de 2021, 14 no mesmo dia deste ano). Nos novos infetados, a situação é oposta: 4956 em 5 de janeiro de 2021; 39 570 em 5 de janeiro deste ano).
Nas últimas 24 horas, Portugal registou, segundo o boletim diário emitido pela DGS, mais 61 pessoas internadas com covid-19 (o total passa a ser de 1449), 26 419 novos casos de infeção e 22 mortes.
A pressão geral sobre os internamentos subiu mas a pressão específica sobre os doentes que estão em unidades de cuidados intensivos diminuiu: estão 150 pessoas, menos três do que anteontem.
Das 22 mortes, onze ocorreram na região de Lisboa e Vale do Tejo, quatro no Norte e duas no Centro, no Alentejo e no Algarve e uma na Madeira.
A covid-19 é mais mortal nos homens (10 053) do que nas mulheres (9060) e continua a atingir mais as faixas etárias acima dos 80 anos (cerca de 12 mil pessoas), dos 70 aos 79 anos (cerca de quatro mil) e dos 60 aos 69 anos (cerca de dois mil).
Os números revelam que, desde o início da pandemia (o primeiro infetado foi diagnosticado em março de 2020), já mais de 1,6 milhões de pessoas foram oficialmente diagnosticadas em Portugal com covid-19.
Por idades, o vírus SARS-CoV-2 já infetou cerca de 100 mil crianças até aos nove anos, cerca de 180 mil jovens dos 10 aos 19 anos, cerca de 270 mil dos 20 aos 29 anos, cerca de 245 mil pessoas dos 30 aos 39 anos, 270 mil dos 40 aos 49 anos, cerca de 225 mil dos 50 aos 59 anos, 145 mil dos 60 aos 69 anos, 85 mil dos 70 aos 79 anos e cerca de 90 mil com mais de 80 anos.
O auto agendamento da vacina contra a covid-19 para maiores de 45 anos vai iniciar-se na próxima semana, anunciou ontem o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales.
O governante, que falava aos jornalistas nas Caldas da Rainha, fez um balanço sobre o processo de vacinação que já permitiu administrar "3,3 milhões de doses de reforço da vacina contra a covid-19 e 2,4 milhões de vacinas da gripe".
Sublinhando a "enorme adesão" dos portugueses à vacinação, o secretário de Estado, lembrou que estão vacinadas com a terceira dose mais de 84 por cento das pessoas com mais de 80 anos e, acima dos 65 anos, 77 por cento das pessoas já receberam o reforço.
Questionado sobre a inclusão de grávidas na lista das pessoas prioritárias para vacinação, Lacerda Sales sublinhou que estas devem ser vacinadas a partir das 20 semanas de gestação e apelou a que as mesmas façam "um processo de automonitorização" no sentido de se "auto precaver" relativamente à infeção a que são mais suscetíveis no último trimestre da gravidez.
Lacerda Sales falava no final de uma visita ao Centro de Vacinação Covid instalado na Associação Arneirense, depois de horas antes ter visitado um outro centro, em Peniche, ambos no distrito de Leiria.
O aumento exponencial nas últimas do número de infetados deveu-se à propagação da variante Ómicron, bastante mais contagiosas mas também bastante menos mortal do que a variante anterior, Delta.
Ontem o Centro Hospitalar Médio Tejo (CHMT) - que integra hospitais em Abrantes, Tomar e Torres Vedras, servindo cerca de 250 mil utentes - anunciou que a nova variante já representa 98 por cento das novas infeções. Segundo a despistagem feita pelo laboratório do Serviço de Patologia Clínica do CHMT, "os dados recolhidos e analisados demonstram que a variante Ómicron passou a ser a predominante na região do Médio Tejo a partir de 21 de dezembro". Os sintomas são geralmente ligeiros.