O cenário era perfeito. Portugal venceu, mas faltou um golo a Ronaldo
O cenário não podia ser mais perfeito: Alvalade, onde no antigo estádio Ronaldo se estreou a marcar em equipas seniores, em outubro de 2002, diante do Moreirense, e no mesmo palco onde em agosto de 2003, na inauguração do novo estádio leonino, num jogo particular com o Manchester United, encheu as medidas a Alex Ferguson, que o quis logo contratar.
Ronaldo tinha a oportunidade de chegar nesta sexta-feira diante do Luxemburgo ao golo 700 da carreira. Entrou em campo com 698 e saiu com 699. Ficou a faltar um. E foram muitas as oportunidades que teve para atingir o número redondo - até de bicicleta. Fica o resultado. Portugal venceu por 3-0, manteve a distância de cinco pontos para a líder Ucrânia no Grupo B, que tem contudo mais um jogo (defrontam-se na segunda-feira), e deu mais um passo rumo ao apuramento para o Euro 2020. Que até pode já acontecer na segunda-feira...
Sem William Carvalho, curiosamente o jogador mais utilizado por Fernando Santos na seleção (52 jogos) que devido a lesão foi dispensado, o selecionador nacional apostou em João Moutinho no meio-campo ao lado de Danilo. No ataque voltou a reeditar a dupla Ronaldo/João Félix, que jogaram juntos a titulares em duas ocasiões, diante da Suíça, na Liga das Nações, e mais recentemente com a Lituânia.
A estratégia do Luxemburgo foi a esperada. Uma linha de cinco defesas, apenas com um jogador (Turpel) mais adiantado e a apostar tudo nos contra-ataques rápidos para tentar surpreender a defesa portuguesa. Portugal mostrou logo desde muito cedo o que pretendia. Ronaldo quase marcou de longe aos dois minutos, ao terceiro minuto a seleção ganhou o primeiro canto e antes dos 10' Bernardo Silva e Ronaldo caíram na área adversária e ficaram a pedir penálti.
Depois de um falhanço incrível de João Félix, que de pé esquerdo atirou ao lado quando tinha tudo para fazer golo, Bernardo Silva colocou Portugal em vantagem aos 16', num lance em que foi assistido por Nélson Semedo. O mais difícil (marcar o primeiro golo) estava feito. Mas Portugal, a partir dos 25 minutos, mostrou um certo adormecimento e jogou com pouca intensidade. E a seleção do grão-ducado chegou duas vezes com perigo às redes de Rui Patrício na primeira parte, numa delas com um remate às malhas laterais de V. Thill. O primeiro tempo acabou com uma estranha apatia da seleção nacional.
Na segunda parte, Portugal criou duas ocasiões de perigo logo nos primeiros minutos. Primeiro num remate de meia distância de Bruno Fernandes (49') e depois numa bicicleta de Ronaldo (5'1), ambos travados pelo guarda-redes Moris. A equipa nacional trocava bem a bola, mas faltava velocidade. Notou-se na segunda parte que houve ordens para Bruno Fernandes aparecer mais em zonas de remate. E o médio leonino voltou a testar a sua maior arma, aos 55', mas o guardião luxemburguês defendeu por instinto. A seleção nacional começava a merecer um segundo golo que permitisse de vez dar a tranquilidade necessária à equipa.
Ao minuto 65', Ronaldo picou o ponto, e em grande estilo, com um chapéu ao guarda-redes Moris, e fez o 699.º golo da sua carreira. Ficavam a faltar 25 minutos para atingir o número redondo. Que até podia ter acontecido minutos depois, pois CR7 foi travado na área, mas o árbitro não assinalou penálti.
Não marcou Ronaldo, marcou Gonçalo Guedes, que saltou do banco aos 77 minutos e apontou o golinho da ordem aos 89', num remate que ainda bateu num defesa do Luxemburgo e traiu o guarda-redes Moris.
Agora as contas rumo ao apuramento para o Euro 2020 são simples e Portugal pode até garantir presença na prova já na segunda-feira. Para isso terá de vencer fora a Ucrânia e esperar que a Sérvia seja derrotada na deslocação à Moldávia. Se este cenário não se verificar, fica tudo adiado para o dia 14 de novembro, quando a seleção nacional receber no Algarve a Lituânia. Ou num caso extremo para o derradeiro jogo do Grupo B, três dias depois no Luxemburgo.
Jogo no Estádio José Alvalade, em Lisboa.
Portugal - Luxemburgo, 3-0.
Ao intervalo: 1-0.
Marcadores: 1-0, Bernardo Silva, 16 minutos; 2-0, Cristiano Ronaldo, 65; 3-0, Gonçalo Guedes, 89.
Portugal: Rui Patrício, Nélson Semedo, Rúben Dias, Pepe, Raphaël Guerreiro, Danilo, João Moutinho (Rúben Neves, 90), Bruno Fernandes, Bernardo Silva (Gonçalo Guedes, 77), João Félix (João Mário, 88) e Cristiano Ronaldo.
Selecionador: Fernando Santos.
Luxemburgo: Morris, Bohnert (Sinani, 46), Gerson, Chanot, Carlson, Jans, Barreiro Martins, Olivier Thill, Vincent Thill (Bensi, 88), Turpel (Daniel da Mota, 59) e Gerson Rodrigues.
Selecionador: Luc Holtz.
Árbitro: Daniel Stefanski (Polónia).
Ação disciplinar: Cartão amarelo para Barreiro Martins (9) e Gerson Rodrigues (72).
Assistência: 47 305 espetadores.