Portugal foi presa fácil para o Canadá
Depois da derrota diante das Fiji (36-13) e do robusto triunfo no Brasil (68-0), a seleção nacional comandada por Frederico Sousa fechou o conjunto dos três "test-matches" de novembro com um pesado desaire, desmoralizador e causador certamente de apreensão e algum desconforto - mas que pode servir igualmente de importante lição.
E que transmitiu um claro aviso: estes jogadores têm grande dificuldade para disputar jogos internacionais, com ritmo intenso e muito superior à competição interna, em três fins-de-semana consecutivos.
Perante canadianos que nos anteriores três confrontos nos tinham sempre vencido (2007, por 42-12, em Otawa; 2008, por 21-13; e em 2010, por 23-20, com os dois últimos jogos a serem realizados em Lisboa), uma seleção nacional demasiado macia e com flagrantes problemas na sua organização defensiva, consentiu sete ensaios e deixou uma pálida imagem, sendo dominada amplamente pela15.ª potência do ranking mundial.
O Canadá entrou a mandar no jogo e aos 22" já ganhava por 14-0, fruto de dois ensaios pelo poderoso centro Ciaran Hearn (Pedro Leal, 25 kg mais leve e 20 cm mais baixo cortou-se no frente-a-frente...) e pelo defesa James Pritchard - que aos 34 anos foi mais uma vez a "besta negra" nacional ao fazer 27 pontos (ele que marcara 34 dos 44 pontos conseguidos pela sua equipa nas anteriores visitas a Lisboa!) - num conta-ataque que destapou as fragilidades portuguesas quando era preciso defender.
Pritchard acertaria uma penalidade antes de Pedro Leal, à meia-hora, fazer os primeiros três pontos nacionais penalizando uma falta frontal (17-3). Os avançados portugueses não afrontavam os seus adversários e perdiam no confronto direto, as primeiras placagens nunca entravam, o que permitia aos médios canadianos jogarem à vontade, libertando os seus rápidos e potentes três-quartos que surgiam embalados perante a desprotegida defesa nacional.
E depois do centro Nick Blevins desperdiçar um ensaio cantado - escapou a quatro placagens (!) mas fez toque de meta na barriga de Pero Leal que, corajoso, o enfrentou - os canadianos terminariam a 1.ª parte em alta, com Pritchard, sempre ele, a converter uma penalidade e fazer o seu segundo ensaio da tarde, num belo contra-ataque pelo lado fechado, com o formação Mack a solicitar o ponta Taylor Paris e este, num exemplar "2 para 1" perante o desamparado Leal, a passar ao seu defesa para estabelecer os 25-3 ao intervalo.
Ao intervalo Frederico Sousa trocou de formação, com Pedro Leal - que mostrou estar ainda bem longe da boa forma... - a assumir a função (entrando Nuno Penha e Costa para defesa, posição onde esteve bem) e Portugal melhorou um pouco.
Mas não seria suficiente, pois o neozelandês Kieran Crowley (selecionador canadiano desde 2008 e campeão do mundo pelos All Blacks em 1987) fez entrar o excelente e empreendedor Connor Braid para abertura... e de rajada surgiriam dois ensaios (por Belvins e o segundo de Hearn), para inalcançáveis 42-3.
Até que ao minuto 62 uma arrancada fabulosa de Vasco Uva - esta tarde de novo o melhor dos Lobos, placando enormidades (e com isso evitando uns quantos ensaios adversários) - fugindo a quatro adversários, seria concluída pelo centro Pedro Ávila (fez 19 anos esta semana), excelente no apoio e único que acreditou e conseguiu seguir o seu n.º 8, obtendo assim o primeiro ensaio na sua 3.ª internacionalização (42-8).
Mas este lance foi chão de pouca uva, pois na resposta - e quando se esperaria o empolgamento nacional, aconteceu precisamente o contrário - o Canadá, através do magnífico Connor Braid e do rápido ponta Taylor Paris fariam os dois ensaios finais, para os definitivos 52-8, uma das mais pesadas derrotas caseiras da história do râguebi português.
No quinze nacional, para lá de Vasco Uva (hoje cumpriu 89 jogos pela selecção), destaque para o jovem Pedro Ávila, descomplexado, sem medos e sempre a andar para a frente, perfurando algumas vezes a defesa rival, o incansável guerreiro Gonçalo Foro e Nuno Penha e Costa, que tentou, debalde, virar as coisas a favor das nossas cores.
Portugal alinhou e marcou: Pedro Leal (3); Gonçalo Foro, Pedro Ávila (5), Miguel Leal (Francisco Appleton), Frederico Oliveira (Adérito Esteves); Francisco Vieira de Almeida, Francisco Pinto de Magalhães (Nuno Penha e Costa); Vasco Uva, António Duarte, Fernando Almeida (Luís Portela), Gonçalo Uva, Rafael Simões (Eric dos Santos), Jorge Segurado (Bruno Rocha), João Correia (Francisco Tavares) e Bruno Medeiros (João Almeida).
Com o encerramento da janela internacional de outono, Portugal só vai regressar à competição - e agora já a doer - em 1 de fevereiro de 2014, na sua, e logo decisiva!, deslocação a Bucareste, para defrontar a Roménia, no arranque da 2.ª volta da Taça Europeia das Nações, que os romenos lideram a par da Geórgia.