Portugal e Espanha unem-se para defender ramal de Cáceres
"Talvez houvesse aqui decisões precipitadas e [o protesto] serve, precisamente, para chamar a atenção" para algo "que não deve acontecer", afirmou hoje à Agência Lusa Vítor Frutuoso, presidente do município de Marvão.
O autarca manifestou "esperança" de que o protesto na estação ferroviária de Beirã, pelas 12:30, no dia que antecede o encerramento do ramal de Cáceres, ainda possa produzir efeitos práticos.
"Temos esperança de que, à 'última da hora', alguém tenha a consciência de que, efetivamente, estamos a cometer um erro. Ou então que alguém nos explique muito bem porque é que se tomou esta decisão que não compreendemos", frisou.
O protesto junta autarcas de Portugal e de Espanha, que exortaram já as populações a marcar presença na iniciativa.
Os autarcas vão reiterar o "total apoio" ao "Manifesto da Beirã", que defende a valorização daquele ramal ferroviário e a manutenção de comboios nessa linha.
A Rede Ferroviária Nacional (REFER) anunciou que o ramal de Cáceres é encerrado a partir desta quarta-feira, passando o comboio internacional Lusitânia Expresso (que liga Lisboa a Madrid) a circular pela linha da Beira Alta.
Segundo o presidente do município de Marvão, trata-se de uma decisão "irracional" e "injustificável", compreendendo os autarcas que possam "haver algumas alterações", mas não o fim "da oferta desse serviço" na zona.
"Vai-nos prejudicar muito a nós [norte alentejano] e à região espanhola da Estremadura", assegurou.
Vítor Frutuoso destacou ainda que a mudança de percurso do Lusitânia para a linha da Beira Alta "implica um aumento de quilometragem, na ordem dos 200 quilómetros".
"Portanto, se a ideia é gastar menos, não podemos concordar que, assim, se vá gastar menos. Vai gastar-se muito mais", argumentou.
O autarca disse ainda recear que, além do encerramento definitivo do ramal e da mudança de percurso do comboio Lusitânia, esteja eventualmente preparada a retirada "de toda a infraestrutura" ferroviária da linha.
"Tem havido um ato continuado de desativar o ramal de Cáceres através da extinção de serviços e, agora, eu soube também da intenção de retirar a infraestrutura. Nós opomo-nos firmemente a essa decisão", asseverou.
O ramal de Cáceres tem 81,5 quilómetros e liga Torre das Vargens, na Linha do Leste, à fronteira com Espanha na estação de Marvão-Beirã, seguindo depois até Madrid.
Atualmente circulam naquela linha apenas o Lusitânia Expresso e comboios de mercadorias.