Com Marega se morre, com Marega se mata

Avançado maliano, com uma assistência e um golo, volta a ser decisivo. Dragões vencem em Portimão, isolam-se na liderança e metem outra vez pressão no Benfica
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O FC Porto conseguiu ser o único dos três grandes a ganhar em Portimão neste campeonato e saiu do Algarve com um triunfo por 3-0 que vale a liderança isolada da I Liga e atira a pressão para o Benfica, que joga no domingo frente ao Vitória de Setúbal e não pode escorregar para voltar ao primeiro lugar.

Marega foi o homem do jogo - com uma assistência para o primeiro golo, de Brahimi, logo aos 15 minutos; e depois com o golo que permitiu ampliar a vantagem e tranquilizar os portistas, aos 73'. Herrera, já em tempo de compensação, fixou o resultado em 0-3.

O avançado maliano, que a meio da semana tinha personalizado a diferença de entre Liverpool e FC Porto na Liga dos Campeões, ao ser incapaz de dar golo ao futebol portista em Anfield, voltou a mostrar que no universo da liga portuguesa, pelo contrário, é na maioria das vezes o fator decisivo para a superioridade do dragão, carregando às costas a equipa de Sérgio Conceição.

Em Portimão, voltou a ser assim. Assim que soou o apito inicial, o FC Porto tomou conta da posse de bola e procurou a forma de lançar Marega nas costas da defensiva do Portimonense, tarefa que se tornou facilitada quando o lateral esquerdo dos algarvios, Ruben Fernandes, teve de sair lesionado, logo aos 12 minutos, e dar lugar a Henrique. Ainda o substituto procurava acertar os terrenos onde pisar e a locomotiva Marega aproveitou para fugir pelo corredor direito e cruzar atrasado para a entrada da área, onde surgiu Brahimi, de regresso à titularidade, a rematar para o fundo da baliza, com ajuda de um desvio.

Portimonense reage com bola

Tudo simples, tudo fácil, sem dar tempo sequer para os dragões sentirem qualquer tipo de ansiedade para chegar à vantagem nesta deslocação a um campo onde já tinham caído, esta época, Benfica, Sporting ou Vitória de Guimarães (do top 6 da Liga, aliás, só o Moreirense tinha saído de Portimão com um triunfo).

O mais complicado veio depois, para o FC Porto. O golo adormeceu a equipa de Sérgio Conceição, que ainda abanou um pouco com a boa reação do Portimonense. Aliás, logo na jogada seguinte os algarvios poderiam ter chegado ao empate, não fosse a intervenção de Casillas perante Lucas Fernandes. Nesses minutos, os dragões quase nem conseguiram saborear a vantagem, com o guarda-redes espanhol e o poste a evitarem o empate, ameaça que chegava sobretudo pelas ações desse médio brasileiro cedido pelo São Paulo à equipa de António Folha.

O FC Porto, como tem acontecido tantas outras vezes, entregou a alma a Marega. Esta equipa vive e morre pelas ações do maliano. Durante muito tempo, a bola longa para o seu avançado mais possante pareceu o único recurso de um conjunto com dificuldade para controlar a bola e sair a jogar, apesar do esforço de Herrera no meio-campo.

O conforto com a bola era do Portimonense, que chegou aos 60 minutos da partida com mais posse e mais remates do que o FC Porto. Muito pela ação de Lucas Fernandes, repete-se, um médio com excelente passe e condução de jogo, a ativar bem as incursões de Tabata ou Aylton, num ataque onde Jackson Martinez, mesmo em câmara lenta, continua uma referência de qualidade.

Marega decide

Aos algarvios, no entanto, faltou sempre agressividade no último terço do campo e o FC Porto foi conseguindo gerir a ameaça sem grande sobressalto. Até aparecer de novo Marega. À entrada para o último quarto de hora, o avançado ganhou as costas aos centrais, acorreu a um belo passe em profundidade de Alex Telles e, isolado sobre a meia esquerda da área, picou tranquilamente a bola sobre Ricardo. Aquilo que não conseguira fazer em Anfield, Marega não teve dificuldade para fazer em Portimão, resolvendo mais uma "final" para os dragões na corrida pelo título.

Herrera ainda coroou a sua boa exibição com o golo que fixou o resultado final, mas a partida já estava sentenciada pelo maliano.

Os dragões conseguem a quinta vitória consecutiva no campeonato desde a derrota em casa com o Benfica e chegam aos 72 pontos, mais três do que o rival com o qual disputam o título nesta reta final da Liga. A pressão volta a ir para a Luz.

Ficha de jogo

Jogo no Estádio Municipal de Portimão.

Portimonense - FC Porto: 0-3.

Ao intervalo: 0-1.

Marcadores:

0-1, Brahimi, 15 minutos.

0-2, Marega, 73.

0-3, Herrera, 90+3.

Equipas:

- Portimonense: Ricardo Ferreira, Vítor Tormena, Jadson, Lucas, Ruben Fernandes (Henrique, 12), Pedro Sá, Dener, Lucas Fernandes (Wellington, 70), Aylton Boa Morte, Bruno Tabata (Ruster, 77) e Jackson Martínez.

(Suplentes: Leo, Hackman, Felipe Macedo, Bruno Reis, Henrique, Wellington e Ruster.

Treinador: António Folha.

- FC Porto: Casillas, Manafá, Pepe, Éder Militão, Alex Telles, Corona (Otávio, 59), Danilo, Herrera, Brahimi (Bruno Costa, 82), Soares (Fernando Andrade, 64) e Marega.

(Suplentes: Vaná, Maxi Pereira, Bruno Costa, Mbemba, André Pereira, Otávio e Fernando Andrade).

Treinador: Sérgio Conceição.

Árbitro: Fábio Veríssimo (AF de Leiria).

Ação disciplinar: Cartão amarelo para Lucas Fernandes (34), Manafá (50), Dener (58), Jackson Martínez (62), Aylton Boa Morte (65) e Pepe (86).

Assistência: 5.989 espetadores.

Figura de jogo

Marega. Já não sobra muito para dizer em abono do avançado maliano. Continua a ser o motor do futebol portista e em Portimão estreou-se a marcar nesta segunda volta do campeonato, somando ainda a sexta assistência.

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