Porque é que os homens deixam crescer a barba e o bigode?

Novo estudo diz que os homens usam barba para intimidar os rivais. Portugueses discordam, mas todos afirmam que a barba confere um ar mais maduro e responsável
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Há formas, espessuras e cores para todos os gostos. Umas mais cuidadas do que outras. Basta sair à rua para ver que os homens se renderam: a barba está, definitivamente, na moda. Algumas mulheres gostam, outras nem por isso. Afinal, porque é que os homens deixam crescer os pelos faciais? Não será tanto para agradar ao sexo feminino, diz uma nova pesquisa, mas mais para afastar a concorrência. É que os homens barbudos são vistos como mais maduros, fortes e agressivos.
Será fácil pensar que um homem que presta atenção ao seu visual quer agradar a potenciais parceiras. Mas, de acordo com uma pesquisa feita pelo site de notícias The Conversation, a barba provavelmente evoluiu, pelo menos em parte, para ajudar os homens a "aumentar a sua posição entre os outros homens". Como os estudos mostram que nem todas as mulheres se sentem atraídas por homens com barba, não existem evidências que indiquem que evoluíram para agradar ao sexo feminino.
Para ter hipóteses com o sexo oposto não basta ser atraente. É preciso competir com o mesmo sexo, diz o estudo. E é precisamente aí que entram as barbas, já que os homens mais dominadores - caraterística associada em alguns estudos aos pelos na cara - terão mais hipóteses de intimidar os rivais. De acordo com uma pesquisa feita na Grã Bretanha entre 1842 e 1871, nos períodos com menos mulheres disponíveis na comunidade, barbas e bigodes entraram fortemente na moda entre os homens ainda solteiros.
"Não creio que esse aspeto relacionado com a concorrência seja a principal razão para os homens atualmente terem barba", diz Rui Duarte, 28 anos, gerente da barbearia Cortes de Lisboa. Em Portugal, a barba popularizou-se há cerca de dois anos, mas este barbeiro já não se vê sem pelos na cara há pelo menos dez. "É quase como se fosse um membro da família ou um animal de estimação", graceja. Atualmente, reconhece dois tipo de barbudos: aqueles que aderiram à moda e os que já têm barba há muitos anos. E acredita que a maioria dos homens deixa crescer os pelos do rosto porque estes conferem um "ar mais másculo, mais agressivo e robusto."
Há quem simplesmente aposte na barba por não ter paciência ou tempo para se barbear. Em Portugal, a imposição perante outros homens estará longe de ser uma das principais razões pelas quais os homens deixam crescer os pelos. É esta a convicção do psicólogo Gustavo Pedrosa, que, curiosamente, também usa barba. O profissional da Oficina de Psicologia destaca, em primeiro lugar, auto-imagem: "Alguns homens usam porque se querem diferenciar. Funciona como as tatuagens."
Também há quem deixe crescer os pelos do rosto para agradar a alguém. Em terceiro lugar, Gustavo Pedrosa diz que estão as questões laborais, uma vez que a barba faz um homem parecer "mais velho e maduro e dá-lhe um ar de maior credibilidade e responsabilidade". Em muitas profissões, como na psicologia, "pode ser uma ferramenta de trabalho." Segundo o psicólogo, a imposição perante outros homens aparecerá em último lugar na lista das motivações. "Pelo menos na cultura portuguesa."
Aproveitando a moda da barba, surgiram em Portugal inúmeras barbearias com diferentes conceitos. Filipa Brazuna, proprietária do Beata Café (e barbearia), diz que "acabou por se tornar um acessório. Quase toda a gente anda de barba. É como usar óculos de sol."
Nos últimos dois anos, Filipa Brazuna diz que quem já usava barba passou a cuidar mais dela e a dar-lhe outro visual." Paralelamente, surgiram inúmeros produtos para "domar os pelos do rosto": champô, condicionador, pentes, óleos, bálsamos. Se for bem feita, Filipa é da opinião de que "a barba favorece quase todos os homens. Dá-lhes um ar mais másculo. Define e marca a personalidade."
Muitos estudos têm sido feitos sobre a barba. Há quem diga que confere "status", respeito e poder, que é sinal de boa saúde ou até que torna os homens mais sexys. Novas tendências vão surgir - mais curtas ou mais delineadas e com novas cores - , mas barbeiros e psicólogo acreditam que esta é uma moda que veio para ficar.

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