A sua virtude preferida? Frontalidade. A qualidade que mais aprecia num homem? Idem aspas (frontalidade). A qualidade que mais aprecia numa mulher? Que seja mulher. O que aprecia mais nos seus amigos? A amizade não tem tempo, mesmo se o tempo passa. Quando os reencontros ao fim de muito tempo de ausência não cristalizaram a fraternidade. O seu principal defeito? Ser teimosamente perfeccionista. A sua ocupação preferida? Ler em silêncio; escrever a ouvir jazz (por causa deste texto, Keith Jarrett Trio agora). Qual é a sua ideia de «felicidade perfeita»? Um dia de cada vez e com desejo chego lá. Um desgosto? O passado passou, mas a ausência física dos que partiram ressente-se nas fotografias que guardamos. O que é que gostaria de ser? O que sou, capaz de modelar a palavra e entregar-lhe uma melodia que me emocione e emocione as pessoas. Em que país gostaria de viver? Sou português, gosto desta casa, mas por vezes sinto-me nórdico, organizado e focado, muito distante do porreirismo e das desculpas triviais. Na minha vida não há sorte nem azar, há procura. A cor preferida? Azul (na roupa e nos carros)..A flor de que gosta? Cravos, rosas, malmequeres, gosto de ver flores sem nome para mim entre as pedras a sorrir. O pássaro que prefere? Canários, recorda-me o passatempo muito dedicado do meu pai. O autor preferido em prosa? Eça de Queiroz, mas juntar o António Lobo Antunes faz um dueto. Poetas preferidos? Fernando Pessoa, Herberto Hélder, Ary dos Santos, Brecht, Bocage, Manuel Alegre, Sophia. O seu herói da ficção? Kit Carson, um cow-boy dos quadradinhos. Heroínas favoritas na ficção? Não tive. Os heróis da vida real? Todos aqueles que não desistem, os empreendedores, os convictos, os anónimos que suportam pelo trabalho e pela criatividade a vida social e a economia. As heroínas históricas? Recordar a atitude da Padeira de Aljubarrota devia integrar os estudos obrigatórios da "resiliência". Os pintores preferidos? Vieira da Silva, Dali, Picasso, Van Gogh e algum hiper-realismo.. Compositores preferidos? Keith Jarrett, Ludovico Einaudi, Paul Simon, Debussy, a dupla Lennon/McCartney e fico-me por aqui ou precisava de um jornal inteiro. Os seus nomes preferidos? António, Bárbara e Carolina, o nome dos meus três filhos. Mas também Maria do Carmo (avó materna), Clemente (avô materno) e Florbela (mãe). O que detesta acima de tudo? A hipocrisia individual e institucional e a corrupção banalizada como subcultura dos espertos e dos coitadinhos. A personagem histórica que mais despreza? São quatro: Hitler, Estaline, Mao e Pol Pot - Putin está a caminho. O feito militar que mais admira? A vitória dos aliados na II Guerra Mundial, que começou em 1939 e não em 1941, quando a URSS viu o tratado Ribentrop/Molotov pisado entre as urtigas. Mas a batalha de Aljubarrota... O dom da natureza que gostaria de ter? Estou bem assim. Era bom a jogar à bola, mas o meu pai disse-me que "eu não era o Eusébio", bitola de um homem simples e por isso sábio. Não assinou a permissão para treinar no Benfica. Como gostaria de morrer? Em paz. Estado de espírito atual? A regressar à normalidade a que chamamos "estrada", quase como em Kerouac, uma estrada de concertos, de terras, de gente, o desafio para a felicidade de um concerto. E a alegria de um disco novo. Os erros que lhe inspiram maior indulgência? Quando se toma a árvore pela floresta, ou quando, no excesso de voluntarismo, não se avalia todo o cenário. O preconceito disfarçado de verdade absoluta quando não passa de uma opinião. A sua divisa? Um dia de cada vez, sem desistir.