O mar, por si só, é tema fecundo em histórias de sobrevivência, abundantemente exploradas no cinema, e ligadas quase sempre a uma epopeia distante. Essa é a tendência que se revela difícil de contornar - talvez Quando Tudo Está Perdido, de J. C. Chandor, seja o único caso recente que o conseguiu - e, de facto, No Coração do Mar não tem desenvoltura para se aproximar do espectador. O filme de Ron Howard não adapta Moby Dick, de Herman Melville, mas baseia-se no facto verídico que inspirou o denso e valioso romance americano: o naufrágio do baleeiro Essex, em 1820, causado por uma baleia cachalote, que deixou a tripulação à deriva durante noventa dias. Portanto, uma ilustração da verdade.
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Chris Hemsworth (Thor, Rush, Vingadores) lidera - sem ser o capitão "legítimo" - esta aventura marítima, que nunca deixa de ser um quadro longínquo, de homens que se debatem ora com a fúria de Posídon ora com o monstro cinzento. E o problema reside sobretudo aqui, em relação à baleia. Howard não nos dá a carga misteriosa do animal, usa-o apenas como ameaça para enaltecer o estereotipado heroísmo humano.
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