Por cada americano serão contratados três portugueses
Numa conferência de imprensa conjunta com o ministro da Defesa português, no Forte de São Julião da Barra, Leon Panetta manifestou "total empenho" em minorar as consequências para a ilha Terceira da redução da presença militar norte-americana.
"Os militares americanos continuam ligados às Lajes, é uma base muito importante para nós e continuará a ser uma parte vital da nossa rede global, continuaremos a utilizar esta base, faremos todo o possível para que o impacto económico desta redução seja o mais reduzido possível, continuaremos a dar apoio e a manter uma forte relação que construímos ao longo dos anos", afirmou Panetta.
O secretário da Defesa norte-americano, que abandonará o cargo brevemente, realiza uma visita oficial a Portugal, tendo tido ao início da manhã um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, e feito uma visita às instalações da NATO em Oeiras.
Panetta adiantou que a administração norte-americana concordou em "atrasar a redução [nas Lajes] até outubro de 2014" e deixou garantias: "Manteremos os serviços de bombeiros durante sete dias por semana, 24 horas por dia, e um rácio de contratação de trabalhadores de três para um, por cada norte-americano contratado nós contrataremos três da comunidade local".
Já em fevereiro, um grupo de empresários norte-americanos visitará as Lajes para "procurar oportunidades para uma relação económica", acrescentou.
Na sua intervenção, o chefe do Pentágono teceu fortes elogios "ao povo açoriano" e agradeceu "profundamente o seu apoio".
"Estamos em dívida para com eles, foram sempre leais, trabalhadores e de confiança", afirmou Panetta.
O secretário da Defesa dos Estados Unidos enfatizou que as dificuldades orçamentais, "que muitos países enfrentam", obrigam a cortes substanciais no setor da Defesa e consequentemente na Base das Lajes.
"Quero que saibam, disse-o diretamente ao ministro e digo-o ao povo português e particularmente ao dos Açores, que faremos tudo o que pudermos para minimizar as dificuldades e o impacto na comunidade e utilizaremos isto como uma oportunidade para construir uma relação talvez ainda mais forte entre os Estados Unidos e Portugal", disse.
Por outro lado, o ministro da Defesa disse ter sublinhado a posição de "insatisfação e preocupação" do Governo português pela redução nas Lajes.
"Sensibilizei o senhor Leon Panetta para a delicadeza e importância que tem o desenvolvimento de um trabalho conjunto para mitigar as consequências dessa redução e minorar o impacto do ponto de vista económico e social nos Açores", declarou José Pedro Aguiar-Branco, que apontou a visita do norte-americano como"uma etapa muito importante".
No início da sua intervenção, Leon Panetta agradeceu "a grande hospitalidade" de Portugal, disse ter uma boa relação de amizade com Aguiar-Branco, com quem desenvolveu "uma boa relação", e destacou o papel dos "missionários e expedicionários portugueses" na construção da Califórnia, o estado em que nasceu.
"Venho a Portugal numa das minhas últimas visitas ao estrangeiro como secretário da Defesa para agradecer ao povo português pelo seu apoio e parceria ao longo das últimas décadas, no Afeganistão, no Iraque e noutras áreas importantes e de interesse mútuo", afirmou Panetta.